Autoria: Águas e Energia do Porto
Através do Programa de Gestão e Redução da Água Não Faturada, a Águas e Energia do Porto, E.M (AEdP) conseguiu, em 2021, alcançar o menor volume de perdas de água de sempre, com um índice de Água Não Faturada de 14,8%. Entre 2006 e 2021 a empresa poupou 200 milhões de metros cúbicos de água, contabilizando-se uma poupança acumulada superior a 77 milhões de euros, apenas fruto da redução das perdas de água.
Este importante marco deve-se ainda à monitorização em tempo real de toda a rede de abastecimento de água com mais de 250 equipamentos e sensores de última geração criteriosamente instalados, bem como ao trabalho e esforço árduo de um conjunto de técnicos e operadores especialistas, como é o caso dos “Sondadores”, técnicos especializados na deteção de fugas e perdas de águas nas infraestruturas enterradas através do ruído detetado à superfície.
Aliar o conhecimento e a experiência à inovação e tecnologia é outra das premissas da empresa e do Município do Porto, que através de equipamentos de última geração integrados em estruturas históricas como o Reservatório e Estação Elevatória dos Congregados, associados a plataformas de integração e tratamento de dados e de apoio à decisão, como a H2PORTO, conseguem fazer com que um sistema centenário atinga valores de eficiência, sustentabilidade e qualidade de excelência ao nível nacional e internacional.
A plataforma H2PORTO consiste num sistema de monitorização e controlo de todas as etapas do ciclo urbano da água no Município, como o abastecimento de água, a drenagem e tratamento de águas residuais, a drenagem de águas pluviais, ribeiras e praias. Uma das grandes vantagens é permitir obter informação, detetar ocorrências anómalas e fazer gestão remota em tempo real, nomeadamente a das próprias infraestruturas. Através deste sistema, toda a informação é recolhida e sistematizada de forma a antecipar episódios de poluição e inundação, adaptando simultaneamente equipas e dimensionando redes. Por outro lado, a H2PORTO oferece informação útil aos clientes, uma vez que, quando é necessário cortar a água em determinada rua, o sistema permite identificar e avisar automaticamente os clientes afetados, lançando alarmes através da aplicação móvel aos clientes que possuem contadores de telémetria.
Rega Inteligente: 15% de poupança
Nos espaços verdes da cidade têm sido implementadas soluções que ao mesmo tempo que visam a requalificação dos mesmos, são pensadas e executadas tendo em vista a diminuição das necessidades de rega:
- Substituição do coberto vegetal por espécies menos exigentes e preferencialmente sem necessidade de rega de qualquer tipo (exceto no período da plantação ou sementeiras);
- Substituição de relvados convencionais por prados de sequeiro e prados floridos com necessidades reduzidas de rega;
- O aumento das áreas de espécies tapizantes na cobertura de solos, bem como a utilização de mais áreas com mulching e telas anti-ervas.
Nesta ótica, o Município tem vindo a ampliar a rede de espaços verdes dotados de sistemas de rega inteligente, automatizados com recurso a software interligado com estações meteorológicas e que permite a gestão das necessidades de rega em função das condições climatéricas, evitando a rega aquando de ocorrência de precipitação, contribuindo para a redução de uso de água desnecessário. Este trabalho, iniciado em 2014, conta atualmente com um total de 14 sistemas instalados e em funcionamento, nos parques e jardins de maior dimensão e tem garantido uma poupança de água na ordem dos 15%. É de relevar ainda o recurso às águas dos lagos para a rega de grandes extensões de prado nos parques urbanos como, por exemplo, no caso do Parque da Cidade.
Projetos para o futuro
Foi realizado um estudo prévio e anteprojeto que permitirá transformar as ETAR do Município do Porto, tornando-as mais eficazes, fiáveis e resilientes. Em ambas as ETAR’s foram projetado um tratamento secundário/terciário com recurso à tecnologia MBR e desinfeção por radiação UV, que permitirá que a água tratada nessas instalações atinja, de acordo com a legislação em vigor, a qualidade necessária (classe A) para reutilização (rega de jardins públicos, lavagem de ruas, entre outros). A expectativa é que a breve prazo já seja possível colocar no terreno projetos piloto com a Porto Ambiente (no caso da lavagem das ruas) e com o próprio município (no caso da rega de espaços verdes). O aproveitamento das águas das chuvas é, também, uma prioridade para a empresa que está empenhada na consolidação de estratégias de aproveitamento destas águas naturais para a utilização em dispositivos e equipamentos que não o consumo humano, como regas de jardins, lavagens exteriores, autoclismos e equipamentos industriais, garantindo a circularidade deste bem natural e o aproveitamento da água tratada para todos os outros fins que exigem a sua total potabilidade.
*Este artigo foi incluído na edição 96 da Ambiente Magazine