A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) entregou à Águas do Vale do Tejo (AdVT) e à Herdade Pimenta a licença de produção de ApR (Água para Reutilização) e a licença de utilização de ApR para a ETAR São Miguel de Machede.
Trata-se da primeira Licença de produção de ApR da EPAL/AdVT, número que se perspetiva vir a aumentar ainda no decorrer de 2023 no seguimento da estratégia de Desenvolvimento Sustentável e de Circularidade do Grupo Águas de Portugal.
A cerimónia de entrega, que contou com a presença do Secretário de Estado do Ambiente, Hugo Polido Pires, dividiu-se entre a Casa Relvas (Herdade Pimenta, S.A.) e a ETAR São Miguel de Machede, onde estiveram também presentes o Vice-Presidente da APA, Pimenta Machado, o Diretor da ARH Alentejo, André Matoso, os Administradores da EPAL/AdVT, Rui Lourenço e Pedro Pinto de Jesus, a Diretora de Operação de Saneamento da EPAL/AdVT, Ana Marcão, os Administradores da Herdade Pimenta, Alexandre Relvas e Nuno Franco e vários quadros técnicos envolvidos neste processo.
Esta Licença de Produção contempla o caudal tratado na ETAR e pressupõe um conjunto de condições, nomeadamente um Plano de Monitorização e uma Avaliação de Risco exigentes. A ETAR São Miguel de Machede possui um tratamento de nível secundário, por lamas ativadas em arejamento prolongado. Parte do efluente tratado é desinfetado com Hipoclorito de Sódio e reencaminhado para um reservatório, onde é garantido o tempo de contacto necessário para a desinfeção da água tratada. É a partir deste reservatório que a água é elevada para a albufeira da Herdade Pimenta, esclarece a Águas do Vale do Tejo, num comunicado.
Foi em 2017 que a AdVT iniciou um projeto piloto, em conjunto com a Herdade Pimenta, com o objetivo de reutilizar a água da ETAR São Miguel de Machede na rega das suas vinhas e oliveiras e fazer face à escassez de água nessa região, em seca pelo terceiro ano consecutivo. Com este objetivo em mente, foi instalado um sistema de doseamento automático de Hipoclorito de Sódio naquela ETAR e um grupo hidropressor com a respetiva conduta elevatória, dotada de medidor de caudal, que faz a ligação entre a instalação da AdVT e a albufeira de armazenamento de água na propriedade agrícola. Foi acordado que, numa primeira fase, o volume abastecido seria equivalente ao volume de água evaporado na lagoa (15.000m3/ano), durante os meses de Verão, lê-se no comunicado.
Em 2022, a Herdade Pimenta renovou o seu interesse em reutilizar água residual para repor a água perdida por evaporação nas suas lagoas e posterior rega de vinha e olival. O volume de água requerido é igualmente 15.000 m3/ano, distribuídos ao longo de 6 meses.
Este projeto piloto, que agora fica preparado para funcionar caso necessário, conseguiu juntar duas áreas distintas (vinicultura e utilização de águas residuais tratadas) numa solução conjunta de economia circular, que pode vir a ser implementada, futuramente, em outros locais, nomeadamente em outras zonas do Alentejo ou área de atuação da AdVT, que é responsável pela gestão de cerca de 40% das ETAR do Grupo Águas de Portugal.