Por: Miguel Carrinho, diretor geral – Águas do Ribatejo, E.I.M., S.A.*
Vivemos atualmente num contexto bastante complexo, marcado pela desaceleração das economias, pela inflação, e pelo prolongar da guerra na Ucrânia, o que nos coloca perante uma grande imprevisibilidade e volatilidade nos mercados.
A inflação faz-se sentir como há muito não se via, com especial incidência nos custos energéticos, as taxas de juro vêm registando subidas acentuadas, e as perspetivas para o desempenho da economia não são animadoras.
A atual conjuntura traduz-se numa acentuada pressão sobre os custos dos diversos serviços e materiais necessários para a prossecução da atividade da empresa, sendo necessário refletir nas tarifas, pelo menos em parte, os efeitos desta conjuntura.
Isto sucede num momento em que estamos numa fase de transição entre quadros comunitários, com o Portugal 2020 a terminar e o PT2030 ainda por iniciar, o que se traduz numa escassez (para não dizer inexistência) de financiamento comunitário para alavancar a execução dos (muitos) investimentos necessários.
Com efeito, e perante as exigências cada vez maiores no que se refere à qualidade do serviço, quer ao nível da qualidade da água, quer em relação às águas residuais (atente-se na nova DARU…), ou a outros aspetos do serviço prestado aos utilizadores finais (veja-se o projeto de regulamento da qualidade de serviço…), as Entidades Gestoras (EG) estão confrontadas com a necessidade de realizar avultados investimentos.
Para as EG que operam simultaneamente na “alta” e na “baixa”, como é o caso da Águas do Ribatejo, essas necessidades são ainda mais prementes.
Podemos juntar a este quadro, já de si desafiante, uma outra dimensão: a da interioridade. Esta dimensão é muito relevante, porque traduz, em si mesma, um conjunto de constrangimentos ligados a uma maior carência de infraestruturação, a uma dispersão territorial e densidade populacional que dificultam a exploração dos sistemas, à diminuição da população, ou ao contexto socioeconómico destes territórios.
Na Águas do Ribatejo trabalhamos diariamente para poder responder afirmativamente a todos estes desafios.
A sustentabilidade, nas vertentes ambiental, social e económico-financeira, é o nosso foco permanente.
A sustentabilidade, nas vertentes ambiental, social e económico-financeira, é o nosso foco permanente.
A sustentabilidade ambiental pressupõe que continuemos a investir para melhorar a eficiência no que se refere à gestão do recurso água, tanto no que respeita à redução de perdas, como no que toca ao processo de recolha e tratamento das águas residuais. A descarbonização, a eficiência energética e a implementação de soluções de produção de emergia a partir de fontes renováveis são igualmente prioridades.
Temos sempre muito presente no nosso dia a dia a sustentabilidade social. Somos uma empresa intermunicipal, de capitais exclusivamente públicos, e estamos conscientes de que, apenas com o envolvimento de todos, conseguiremos atingir os nossos objetivos. É fundamental transmitir aos cidadãos a importância do trabalho que fazemos, e o valor dos serviços que prestamos. As tarifas que praticamos têm de ser ajustadas à realidade socioeconómica daqueles que têm de as suportar.
Em simultâneo com as duas vertentes já referidas, temos de ser capazes de garantir a sustentabilidade económico-financeira da empresa. A Águas do Ribatejo não é um projeto para o presente, é um projeto para o futuro. Tudo o que fazemos hoje, as decisões que tomamos, terão reflexos no futuro. É nossa obrigação criar condições para que as futuras gerações possam continuar a beneficiar destes serviços essenciais, com elevada qualidade. E isso implica que consigamos gerar, e gerir bem, os recursos necessários para esse efeito.
O equilíbrio entre estas várias vertentes da sustentabilidade não é fácil de obter. Mas é exatamente por não ser fácil que estamos altamente motivados para enfrentar os desafios que se nos colocam, porque é esse o caminho rumo a um futuro mais sustentável!
*Este artigo foi publicado na edição 102 da Ambiente Magazine.