A Águas do Centro Litoral (AdCL) assinou, esta semana, o contrato da Empreitada de Reabilitação dos Digestores da ETAR de Ílhavo com a empresa José Marques Grácio, S.A., tendo a fiscalização da obra sido consignada à empresa RIOBOCO – Serviços Gerais, Engenharia e Manutenção, S.A, informa a empresa em comunicado.
De acordo com a AdCL, a obra cujo “investimento representa cerca de 592 mil euros tem um prazo de execução de um ano” e visa “criar maior resistência aos dois digestores da estação de tratamento de águas residuais (ETAR) de Ílhavo, essenciais para a produção de energia”. Segundo o comunicado, trata-se de uma “intervenção de reabilitação do interior, com aplicação do revestimento em chapa termoplástica para proteção de betão, enquadrando-se na política da AdCL de reabilitação dos seus ativos críticos em funcionamento, designadamente através da implementação de soluções duradouras e que minimizem intervenções futuras”.
Com o tempo de utilização e, considerando as características do afluente que chega à ETAR todos os dias e que conduz a um “desgaste mais intenso do que o habitual em equipamentos do mesmo tipo noutras atividades”, a empresa refere que “todos os equipamentos instalados necessitam de manutenção”. Neste quadro, a AdCL tem previstos três tipos principais: “investimento em novas infraestruturas e equipamentos; investimento na requalificação e melhoria do existente; e investimento de manutenção”.
Neste contexto, e após inspeção dos dois digestores da ETAR de Ílhavo verificou-se alguma degradação dos mesmos, devida à agressividade da atmosfera no interior do órgão, relacionada com elevado Para mais informações | Águas do Centro Litoral – Lisete Oliveira – 933 56 57 58 concentração de H2S ( gás sulfídrico) em permanência. Os dois digestores, em funcionamento desde 2002, aquando a construção da ETAR, estão na génese da produção de energia em ETAR, assumindo, assim, especial importância neste processo. O que acontece é um processo biológico, que ocorre nos digestores, em condições de ausência de oxigénio e a cerca de 35ºC, se dá a degradação da matéria orgânica da lama, com formação de biogás armazenado em gasómetro. Posteriormente, o biogás produzido na digestão anaeróbia, rico em metano, é queimado numa unidade de cogeração para produção de eletricidade e calor. A eletricidade produzida é vendida para a rede pública e o calor aproveitado para aquecimento das lamas na digestão.
Pretende-se assim, com esta intervenção, “aumentar a vida útil dos digestores da ETAR de Ílhavo e protegê-los do gás sulfídrico e de condições de PH extremamente baixos, normais neste tipo de órgãos”, através da reabilitação do interior, com “aplicação do revestimento em chapa termoplástica para proteção de betão”, explica a AdCL.
A ETAR de Ílhavo está preparada para receber e tratar os efluentes provenientes dos concelhos de Aveiro (parte), Cantanhede, Ílhavo, Mira e Vagos, representando 159 mil habitantes-equivalentes e cerca de 39.278 m3/ dia. A solução de tratamento desta ETAR baseia-se, segundo o comunicado da AdCL, num “sistema de tratamento secundário, adotando um processo de tratamento biológico com base no sistema de lamas ativadas em regime de arejamento prolongado, com remoção da matéria orgânica”. Através de processos físicos e biológicos, são removidos da água os detritos sólidos e a matéria orgânica dissolvida.
Posteriormente, os subprodutos orgânicos resultantes do tratamento das águas residuais são sujeitos a tratamento, com vista à redução do seu volume e à produção de biogás. No final do processo de tratamento, o efluente tratado é devolvido ao meio recetor (Oceano Atlântico), através do Exutor Submarino de S. Jacinto. Este investimento, agora consignado, está em alinhamento com a missão e visão do negócio da AdCL, que visam, essencialmente, a preservação do meio ambiente e da saúde pública