Águas: As respostas prementes no combate à Covid-19 (PARTE I/II)
Quando se faz um balanço do ano anterior ou quando se perspetiva o futuro, é inevitável que a pandemia da Covid-19 fique de fora. O ano de 2020 ficou marcado pela incerteza sobre uma realidade jamais conhecida, podendo mesmo dizer-se que o mundo “parou”. Ainda assim, houve setores que tiveram que garantir os serviços de primeira necessidade, como foi o caso da Água que continuou a correr em todas as torneiras dos portugueses. Tal como várias empresas tiveram que se adaptar a uma nova realidade, também as entidades gestoras nacionais tiveram que preparar de um dia para o outro os cautelosos planos de contingência que todos os dias sofriam alterações. A Ambiente Magazine juntou várias entidades que contam em “primeira mão” as dificuldades, os desafios e as aprendizagens que tiram desta pandemia.
Todos os 16 municípios da região do Algarve são acionistas da Águas do Algarve. Foi a vontade dos municípios na criação deste Sistema Multimunicipal de Abastecimento de Águas e de Saneamento do Algarve (SMAASA) que permitiu que os problemas de escassez e de qualidade de água existentes antes da formação pudessem ser resolvidos. Mas, para Joaquim Peres, presidente da Águas do Algarve, 2020 foi um ano para o qual não havia previsão: “No início, tudo indicava que seria um ano de continuidade de crescimento. Veio a revelar-se, no fim do primeiro trimestre, que tal não iria acontecer”. Para se fazer face à pandemia, foram traçados “planos de contingência”, o “trabalho foi reorganizado” e as “condições de segurança dos trabalhadores foram asseguradas”. Acima de tudo, o foco centrou-se em que “não faltasse água nas torneiras” e que a “qualidade do saneamento não se perdesse”, possibilitando que a “qualidade das águas balneares não fosse afetada”, adianta o responsável. Foi graças ao “esforço”, à “competência” e à “dedicação” de todos que foi possível “cumprir o desígnio” da empresa regional de “fazer chegar água em quantidade e com qualidade” a todos os municípios. Além disso, destaca o responsável, as praias “mantiveram as bandeiras azuis” com que tinham sido galardoadas. Ainda assim, a realidade é que a pandemia afetou a “vida dos habitantes” e de “todos os que visitam a região”, pelo que se verificou uma “redução do volume de água consumida em cerca de 7%”, justificada pela queda notória na área do turismo.
Apesar das contingências, Joaquim Peres destaca que foi possível “desenhar uma estratégia de atuação” em questões fundamentais para o futuro da Águas do Algarve como o plano de investimento de 2019. Assim, foi equacionada uma “estratégia para a gestão das lamas das ETAR´s”, tendo sido lançado um “procedimento” para a “construção de uma estação de secagem solar”. Assim, as lamas secas poderão vir a constituir-se como “matéria-prima” que, entre outras aplicações, poderá servir para “melhoramento das qualidades de solos pobres” possibilitando a “plantação de espécies arbóreas autóctones”, de forma a evitar a “erosão” dos solos e “possibilitar a maior hipótese” de “aumento de pluviosidade”, explica. Foi ainda possível “estudar a possibilidade” de produção de “energia fotovoltaica” para autoconsumo, cuja conceção e construção de centrais deverá arrancar neste semestre: “Trata-se de uma forma de contribuir para a redução do consumo de energias fósseis e, ao mesmo tempo, reduzir os custos de exploração das nossas instalações”.
[blockquote style=”2″]Antecipar cenários[/blockquote]
Detida a 100% pela Câmara Municipal de Gaia, a Águas de Gaia conta com 20 anos de história. Mas o objetivo mantém-se: “Prestar um serviço de excelência”. Quando se olha para 2020, Miguel Lemos Rodrigues, administrador executivo da Águas de Gaia, não deixa de mencionar a pandemia. Mas, quanto a balanços, o responsável afirma que “todas as metas e objetivos definidos” foram alcançados, pelo que, do ponto de vista “estratégico” e de “gestão”, o balanço é positivo. Desta forma, os pilares da estratégia da empresa mantiveram-se inalterados, refere, destacando o “foco operacional”, a “melhoria contínua de processos”, a “estabilidade e solidez financeira”, a “melhoria contínua dos rácios de gestão”, o “reforço dos princípios de igualdade de género e de não discriminação”, a “equidade e valorização profissional”, a “aposta na formação” e a “atualização tecnológica”. Embora o “equilíbrio” e a “sustentabilidade financeira” sejam uma prioridade, Miguel Lemos Rodrigues destaca também o “contínuo” e “ambicioso” programa de investimentos.
Perante uma pandemia jamais imaginável, a Águas de Gaia teve que “tomar decisões em tempo record” e, ao mesmo tempo, “decisões não previstas”, adaptando-se a uma “nova realidade social, económica” e, até, à “forma de trabalhar”. Mas, se é verdade que essa circunstância transformou abruptamente as vidas de todos, também é verdade a “forma notável” como a empresa se adaptou, “mantendo a sua atividade e a sua qualidade” no fornecimento de serviços essenciais, precisa o responsável. Uma outra resposta dada pela empresa no combate à pandemia centrou-se em “antecipar cenários” e com o “envolvimento da organização”, o administrador orgulha-se de terem sido uma das “primeiras entidades” a ter um “plano de contingência” capaz de responder às necessidades de toda a equipa. Relativamente à área de atendimento ao cliente, o responsável refere que os canais não presenciais foram reforçados como o “call center”, as “redes sociais” e “outros meios de pagamento eletrónico e à distância”. Quanto a resultados, Miguel Lemos Rodrigues diz que se registou uma “quebra significativa de faturação” nos clientes não domésticos, devido ao “encerramento de vários setores da atividade económica” durante o período do primeiro confinamento. Também se verificou uma “considerável diminuição da cobrança” em geral, devido às “dificuldades das empresas e das famílias”, refere, dando nota que não foi criado “nenhum regime de exceção de não pagamento de água” até porque seria um mau princípio: “Criamos sim ferramentas de apoio às famílias que perderam rendimento durante o período de confinamento, tentando ser o mais justo possível”.
O ano de 2020 não ficou apenas marcado pela Covid-19: a Águas de Gaia lançou diversos projetos que se foram concretizando em 2020 e outros que serão concretizados já em 2021: “Diria que este ano será de muitas concretizações, um ano em que levaremos a cabo um conjunto de projetos muito ambicionados”. Destes, o responsável destaca o projeto para a “requalificação do edifício” da sede da empresa, contemplando a “construção do novo edifício técnico” mais eficiente e com melhores condições de trabalho. Depois, “lançámos um plano integrado de redução de perdas”,com a “utilização pioneira” em Portugal de “deteção de fugas de água por satélite” e, também, o “maior investimento de sempre” num “plano de redução de perdas de água” que prevê a “implementação de medidas conducentes à redução da Água Não Faturada (ANF) para menos de 20% e das perdas para valores da ordem dos 10%”, com previsão de “ganhos líquidos acumulados superiores a dois milhões de euros nos próximos cinco anos”. Foram feitas, ainda, “várias intervenções na rede” com “substituição de condutas e construção de um novo reservatório”, acrescenta. A digitalização é uma outra aposta da Águas de Gaia: “Apostamos bastante no desenvolvimento do nosso Sistema de Informação Geográfica, tendo o mesmo sido premiado num evento em San Diego, na Califórnia; e avançamos para a telemetria”. Por seu turno, ao nível da telegestão, o responsável refere que já era uma “realidade da rede de distribuição de água”, mas, ainda assim, decidiu-se “dotar” a rede de “drenagem de águas residuais” com a tecnologia, sendo que “hoje esta rede está totalmente sensorizada e é monitorizada e operada à distância através da telegestão”.
[blockquote style=”2″]Redução da fatura da água em 35% para os utilizadores domésticos[/blockquote]
Os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) de Sintra, entidade gestora dos sistemas públicos municipais de distribuição de água, contam com mais de 190 mil clientes e são responsáveis pela drenagem, tratamento e destino de águas residuais e recolha e transporte de resíduos urbanos ao destino final adequado.
Carlos Vieira, diretor delegado dos SMAS de Sintra, refere que o confinamento que marcou o ano de 2020 obrigou à “adoção de medidas internas e externas”, com vista a “dar resposta” aos desafios que se colocaram perante uma situação sem precedentes. No domínio interno, explica o responsável, foram adotadas medidas através da elaboração de um “plano de contingência para a infeção Covid-19, como a “criação de salas de isolamento”, a “disponibilização de meios de proteção”, o “recurso a teletrabalho em serviços em que tal foi possível” e o “desfasamento de horários”. Por forma a reduzir as “situações de risco de contágio”, foi necessário “encerrar o atendimento presencial”, permitindo apenas a “marcação de assuntos urgentes”, mas “reforçando a mensagem” de que os SMAS de Sintra já realizam “muitos serviços online”. De forma a responder a todos os clientes, a entidade disponibilizou uma renovada plataforma online de informação ao público: “Através deste novo site, os clientes podem aceder a um renovado Balcão Digital que facilita o recurso a serviços online e permite a submissão de pedidos de celebração de contratos de água, saneamento e resíduos e outros conteúdos”. O novo site, segundo o responsável, destaca “intervenções, investimentos e empreitadas”, mas também “projetos e ações” para o desenvolvimento da “sustentabilidade social, económica, ambiental e da economia circular”. Ainda em matérias digitais, Carlos Vieira revela que, no primeiro trimestre de 2021, será disponibilizada uma “nova aplicação móvel” com “divulgação de serviços e atividades”. Além da disponibilização de informação institucional e divulgação de notícias e avisos, a nova app apresenta uma “área reservada” a cada utilizador que permite o “acesso a faturas” e o “envio de leituras”, a par do “envio de notificações e alertas em tempo real”, assim como a “marcação de atendimento presencial” e a “consulta do estado do pedido de atendimento”, refere.
Relativamente a metas e objetivos, o diretor delegado afirma que, após o levantamento das medidas de confinamento, foi possível “concretizar projetos” que tinham sido adiados: “Foi o caso do projeto piloto de recolha seletiva de resíduos alimentares, implementado em outubro em 2020, que implicava um contacto direto com os munícipes”. Com o lema “Bio-Recursos: demasiado bons para desperdiçar!”, o projeto-piloto abrangeu cerca de 15 mil pessoas e, ao longo deste ano, será alargado a mais freguesias. Quanto à “água não faturada”, o responsável refere que foi possível alcançar um dos principais objetivos: “Manter um valor inferior a 20, o que significa que, pelo segundo ano consecutivo, a entidade atingiu o grau máximo de desempenho neste indicador da ERSAR (Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos)”. Por fim, na “gestão patrimonial de infraestruturas”, deu-se continuidade ao “plano de obras de reabilitação e renovação” que estava definido, bem como, à “expansão da rede de saneamento”.
Ainda nas respostas à pandemia, os SMAS de Sintra acordaram uma “decisão estratégica” que se refletiu na “vertente financeira” entidade: “A redução, durante o período de confinamento, da fatura da água em 35% para os utilizadores domésticos e de 20% para os não domésticos. Os clientes com Tarifa Social e com o programa “Sintra Solidária” ficaram isentos de pagamento”. Segundo o responsável, esta medida representou uma “perda de receitas” na ordem dos “4.3 milhões de euros”.
Com um orçamento na ordem dos “81 milhões de euros em 2020”, todos os investimentos da SMAS de Sintra foram “ponderados” numa “ótica estratégica”, com vista ao “incremento da eficácia e eficiência dos sistemas” e visando a “reabilitação de infraestruturas de equipamentos”, refere Carlos Vieira.
[blockquote style=”2″]Comunicar através do digital tornou-se o novo e possível meio de comunicação[/blockquote]
A Águas do Centro Litoral (AdCL) constrói e gere infraestruturas de captação, tratamento e transporte de água para abastecimento público, assim como projeta, executa e explora infraestruturas de receção e de tratamento de águas residuais em 30 municípios. A concessão do sistema foi-lhe atribuída pelo Estado por um período de 30 anos e tem como missão garantir a qualidade, a continuidade, a acessibilidade e a eficiência dos serviços públicos de águas.
Embora com todos os constrangimentos vividos no ano anterior, Alexandre Oliveira Tavares, presidente do Conselho de Administração da AdCL, lembra que todos os trabalhadores “não pararam” e “empenharam-se” em dar o seu melhor para garantir a “qualidade e a continuidade dos serviços essenciais” prestados às populações e às outras atividades. Trata-se de um “trabalho desenvolvido diariamente” pela empresa, muitas vezes “invisível”, em prol de um objetivo comum: “Garantir que a água continua a ser fornecida de forma segura e em quantidade e que, depois de usada, esta água possa ser reutilizada ou devolvida aos rios e ao mar em condições ambientalmente seguras”. Para além da “garantia destes serviços”, a AdCL também continuou a “investir em obras de abastecimento de água e de saneamento”, tendo, por exemplo, inaugurado o novo Complexo de Alagoa/ Feijoal (Captação e Estação de Tratamento de Água de Alagoa), no município de Arganil, que permitiu melhorar o abastecimento de água a mais de 10 mil pessoas. Ainda no âmbito do abastecimento de água foram feitas “intervenções” que melhoraram o serviço prestado em Vila Nova de Poiares e Penacova, com a “conclusão das condutas e de quatro pontos de entrega”, e no município de Ansião, com as “intervenções nas captações de Ribeira de Alge”, refere. No âmbito do saneamento, foram também concluídos os trabalhos que já estavam desenhados e planeados. Segundo Alexandre Oliveira Tavares, a AdCL orgulha-se de ter “concluído” uma “importante fase de modernização da telegestão dos três sistemas da empresa”, tendo atualmente uma “capacidade robustecida de atuar preventivamente para garantir a fiabilidade das operações de abastecimento e saneamento”. Num “investimento total de mais de 6 milhões de euros”, o responsável dá conta de que foram “dezenas de empreitadas concluídas e consignadas” que vão ao encontro do 6.º ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) que visa “garantir a disponibilidade e a gestão sustentável da água potável e do saneamento para todos”.
Apesar de todas as metas terem sido na sua maioria conseguidas, Alexandre Oliveira Tavares destaca que ficou por se concretizar a “desejada ETAR das Cochadas”, que envolve o “saneamento dos municípios de Cantanhede e Mira”, que, por “razões de mercado” e do “montante de investimento”, aguarda a “conclusão do concurso público internacional”. Outro investimento importante que aguarda o lançamento de obra para 2021 é a “remodelação da operação da ETAR do Choupal, em Coimbra”, a qual irá dotar a infraestrutura de “capacidades para adequação às novas exigências ambientais”. Outras intervenções emblemáticas que a empresa pretende concluir no ano em curso são, por exemplo, a “requalificação do exutor submarino de S. Jacinto associado às ETAR de Cacia e de Ílhavo”, a “renovação do tratamento da ETAR de Fátima”, a “remodelação da obra de entrada da ETAR de Miranda do Corvo” e “pequenas intervenções de renovação e remodelação em algumas estações elevatórias de águas residuais (EEAR) e Emissários do Sistema”.
Sobre outros desafios que marcaram o ano de 2020, Alexandre Oliveira Tavares destaca a “redefinição” da estratégia de comunicação, tendo se apostado fortemente no digital, nomeadamente nas redes sociais (YouTube, Facebook e Instagram); “Comunicar através do digital tornou-se o novo, e possível, meio de comunicação”.
Numa situação de confinamento, a AdCL reforçou ainda as principais “mensagens de incentivo à adoção de boas práticas ambientais”, junto da comunidade e a “promoção da água da torneira e o seu bom uso”, através das suas plataformas digitais. No âmbito da sua responsabilidade social, a empresa ofereceu hotspots a várias famílias carenciadas de seis municípios servidos pela AdCL, refere.
[blockquote style=”2″]POSEUR deixa o setor da como o encontrou em 2014[/blockquote]
Fundado em 1994, o Grupo INDAQUA centra a sua atividade na gestão de sistemas de abastecimento de água para consumo e de saneamento de águas residuais, servindo mais de 600 mil pessoas. Pedro Perdigão, CEO do Grupo INDAQUA, olha para 2020 como um “ano desafiante” em vários sentidos, considerando “inegável” que a pandemia trouxe “novas necessidades” na gestão de equipas, não só para “manter a operação ininterrupta” como é “indispensável”, mas também para “assegurar o bem-estar e segurança de todos”. Foi o “momento de olharmos para dentro” e perceber as “necessidades das nossas próprias organizações” e também das “comunidades em que nos inserimos”, tentando-se enquadrar como “resposta às mesmas”, refere.
No caso da Indaqua, foi possível “garantir os altos níveis de produtividade” e o “compromisso com o cumprimento dos objetivos e resultados internos”. Mas 2020 foi também o ano POSEUR, que contemplava para o ciclo urbano da água cerca de 600 milhões de euros: “Infelizmente, o que se observa é que aquele programa, para além de atrasos na execução, deixa o setor como o encontrou em 2014”: com “falta de adesão dos utilizadores”, com “baixo ritmo de reabilitação dos ativos”, com “perdas elevadas”, com “tarifas que não cobrem os gastos”, com “baixa empresarialização das entidades gestoras” e com “baixa dinamização do setor privado”. Paralelamente, 2020 trouxe o desafio da “revisão da estratégia nacional do setor” para a próxima década. Do PENSAARP 2030 e da inerente reflexão sobre as dificuldades e oportunidades no setor, o responsável espera que resulte uma “visão ambiciosa” para um “setor competitivo e sustentável”, que assegure com “eficiência” serviços de qualidade: “É seguro afirmar que pode ser um setor da economia nacional com contributo significativo para o produto nacional”.
De acordo com Pedro Perdigão, o objetivo central do Grupo é “honrar” o compromisso que tem com a população e territórios que serve. Em 2020, a Indaqua manteve a ação centrada nesse compromisso, “trabalhando para que as mudanças trazidas pela pandemia não trouxessem qualquer impacto no serviço prestado”, algo que foi conseguido. Para além disso, vários indicadores continuaram a comprovar os resultados positivos da atividade, como a “segurança da água que fornecemos, avaliada pelo regulador em 99,72% (média das nossas seis concessões), um valor superior à média nacional (98,66%) e às médias das respetivas regiões”. Por último, a empresa, mesmo em ano de pandemia, conseguiu “continuar a reduzir as perdas das concessões”, tendo-se “atingindo um valor global de Água Não Faturada inferior a 14%”, destaca.
Relativamente às respostas “imediatas” no combate à pandemia, o foco centrou-se, desde logo, na “garantia da segurança de todos os colaboradores” para que pudessem desempenhar, sempre que possível, as suas funções, “não comprometendo, em momento algum, o serviço à população”, quer no “abastecimento de água” quer no “tratamento de águas residuais”. Para além de garantir a segurança de todas as suas equipas, a Indaqua procurou contribuir para o “bem-estar” das comunidades em que se insere, refere. Por fim, a empresa levou, pela primeira vez, o seu projeto de educação ambiental para o plano digital, disponibilizando “oficinas online às escolas e criando a Patrulha H2O”, uma “plataforma com conteúdos e atividades educativas para os mais novos”.
Não foi só a pandemia que marcou o ano da Indaqua. Entre os projetos de relevo, o CEO do Grupo Indaqua destaca a “celebração de um contrato de eficiência hídrica com remuneração por desempenho” entre a Indaqua, em consórcio com a SUEZ, e a Águas de Gaia: “Este contrato, cuja remuneração está em parte dependente do atingimento dos objetivos traçados, terá a duração de cinco anos e permitirá reduzir as perdas de água na rede de 29,3% para 20,1%”. Segundo o responsável, este é o “terceiro contrato” com remuneração por desempenho realizado pela Indaqua, que foi pioneira neste serviço no setor da água português. Ao nível das concessões municipais, a empresa assinalou o “reforço” de vários planos de investimento, destaca. Depois, o ano de 2020 reforçou ainda a necessidade de “robustecer” e “criar novos canais digitais” de contacto com o cliente que serão lançados muito em breve: “Concretamente, teremos uma aplicação móvel e um Balcão Digital, que permitirão a todos os clientes gerir contratos, consumos, faturas ou pagamentos, de forma ainda mais fácil e conveniente”, revela.
[blockquote style=”2″]Assegurar a segurança dos trabalhadores e trabalhadoras e parceiros[/blockquote]
De norte a sul de Portugal, o núcleo de empresas do Grupo Águas de Portugal (AdP) prestam serviços de abastecimento de água e de saneamento de águas residuais, em parceira com os municípios, contribuindo para colocar Portugal entre os melhores desempenhos ambientais da Europa, designadamente em termos de qualidade da água e dos níveis de atendimento das populações.
José Furtado, presidente do Conselho de Administração da AdP, enaltece os esforços de todas as empresas do grupo que “comprovaram” estar à altura das suas responsabilidades para com a sociedade, com “elevado empenho” de todos os que, de norte a sul do país, se “mantiveram a trabalhar” e permitiram “assegurar com normalidade um serviço de importância redobrada na saúde pública e no bem-estar das pessoas”. Nesse contexto difícil, foi ainda “iniciado um novo ciclo de governação” no grupo em maio, com a “entrada em funções de um novo Conselho de Administração para a holding”, tendo a sua atenção sido focada na “construção da estratégia para o triénio do mandato”, visando o “reforço da sua capacidade de resposta à dinâmica associada” precisamente às “alterações climáticas”, à “sustentabilidade”, à “descarbonização”, à “transformação digital” e “à economia circular”. O Quadro Estratégico de Compromisso, que foi apresentado em novembro, permitiu ao grupo “prosseguir os objetivos de melhoria da qualidade da água e dos níveis de atendimento das populações” e “promover uma utilização mais eficiente dos recursos”, refere o responsável. Relativamente às metas, José Furtado considera que os objetivos foram cumpridos, nomeadamente, na “continuidade das atividades”, quer na “garantia e fiabilidade do abastecimento de água”, quer na “continuidade dos serviços de tratamento de águas residuais”, atividades essenciais para a saúde pública e para o ambiente. Para além da “continuidade dos serviços”, o grupo AdP teve como preocupação assegurar a “segurança dos trabalhadores e trabalhadoras”, bem como dos “parceiros em termos de fornecimentos e de prestação de serviços”. Para tal, ativou o plano de contingência da Covid-19 no sentido de “garantir que as empresas estavam preparadas” para “gerir os riscos e as contingências inerentes à pandemia”, de forma a “garantir o abastecimento de água e o tratamento das águas residuais de forma segura e fiável”.
Quanto a outros desafios que marcaram o ano de 2020, José Furtado afirma que a atenção do grupo, para além de pandemia, esteve direcionada para o futuro, promovendo o “envolvimento de todos na construção do quadro estratégico” que compromete todas as empresas para os próximos anos. Para o responsável, a “resposta muito entusiasta e de grande valor de todos” permite à AdP “antever o forte empenho” no sentido de se avançar no “fortalecimento da cultura de grupo”, na “elevação da excelência de serviço” e na “promoção da utilidade social, que são os eixos estratégicos que enquadram a nossa ação”.
Este artigo foi publicado na edição 86 da Ambiente Magazine.