É uma preocupação de todos – governos, autarquias, cidadãos, empresários – garantir “água com qualidade”. Assim, é vital preservar um recurso para que possa ser uma “fonte de riqueza” para a comunidade nas “atividades económicas” e, ao mesmo tempo, preservar os diversos ecossistemas, promovendo uma utilização mais eficiente e cuidada e aliando a estas práticas à ciência, ao conhecimento e à investigação. Esta é a posição da ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, na sessão de abertura do 15.º Congresso da Água, promovido pela APRH (Associação Portuguesa dos Recursos Hídricos).
A agricultura, a floresta e a valorização do ambiente são áreas que preocupam este Ministério e que não têm que ver somente com o Interior, mas antes “sobre todo o território”, afinca a ministra. “Tentar garantir à população água de qualidade é um trabalho que temos de continuar a fazer por todo o país”, sublinhando a necessidade de procurar nessa gestão que “as perdas e as ineficiências desapareçam”. E a isto deve estar associado o “conhecimento” e a “tecnologia” que Portugal tem ao dispor, no sentido de “procurar que, nas nossas atividades económicas mais consumidoras de água, a ciência e o conhecimento também nos ajude a utilizar o recurso de forma mais eficiente”. Isto significa que “temos de ter pessoas cada vez mais qualificadas”, sendo este um dos objetivos do Ministério dirigido por Ana Abrunhosa: “Procurar atrair para as atividades económicas recursos humanos qualificados e fazer um diálogo constante com a academia para resolvermos, de forma inovadora, os nossos problemas. É nesse diálogo que podemos valorizar os recursos, preservando-os”, sustenta.
Sobre os territórios, a ministra da Coesão Territorial chamou a atenção para a necessidade de se valorizar e aproveitar a água e, ao mesmo tempo, protegê-la enquanto recurso vital para o ser humano: “É só com uma gestão eficiente dos recursos hídricos, associados ao seu aproveitamento em várias vertentes, que conseguimos esta coesão territorial”, reforça. Nas cinco regiões (Norte, Centro, Lisboa, Alentejo e Algarve), Ana Abrunhosa destaca o reconhecimento que é dado à importância da água: “Para 2030, todas as regiões definiram as suas estratégias, tendo eleito a água, a par das alterações climáticas, como um tema de futuro. Desta forma, estes territórios “estão conscientes que já não basta abordar o tema com base nas premissas e processos do passado, mas, sim, pensar olhando o futuro e a importância que os centros urbanos têm” nestes assuntos. Numa perspetiva de programação para os próximos dez anos, os investimentos centrar-se-ão em “mitigar o impacto das alterações climáticas”, “promover investigação científica e inovação”, “capacitar os recursos humanos”, “combater declínio demográfico”, “criar e fixar emprego” e “atenuar desigualdades nos territórios”, gerando “valor acrescentado” à economia com sustentabilidade, refere.
Sendo que Portugal não é um país homogéneo, a ministra considera que a água, enquanto recurso, deve ser colocada ao serviço da coesão social e territorial, garantindo um “acesso equilibrado” e permitindo a implementação e consolidação de “projetos inovadores, atividades empreendedoras e iniciativas agregadoras”, capazes de “mobilizar os agentes locais”. Exemplo disso é o trabalho sobre as águas de origem geotermal: “Tem sido uma alavanca de desenvolvimento em alguns territórios de muitos projetos de turismo” como Chaves, Monchique, São Pedro do Sul, Águas Salgadas, entre outros, considerados “territórios de baixa densidade”.
Através da inovação, do conhecimento científico e da união de esforços, o Ministério quer continuar a “contribuir para um território mais rico, com população mais qualificada, com atividades mais produtivas e com maior capacidade de fixar e atrair trabalhadores, empresas e famílias, mas preservando sempre o recurso Água”, remata Ana Abrunhosa.
O 15.º Congresso da Água decorre, numa plataforma online, até ao dia 26 de março (sexta-feira) e tem como tema central: “Para uma política da água em Portugal – o contributo da APRH”.