Água da rede pública não chega a quatro em cada dez famílias em Cabo Verde
Quatro em cada dez famílias em Cabo Verde não têm acesso a água da rede pública, afirmou o presidente do Conselho da Administração da Agência Nacional de Água e Saneamento (ANAS), Hercules Vieira. “Um dos nossos desafios é garantir a ligação domiciliária aos agregados familiares, sendo que existe ainda 40% da população cabo-verdiana sem água a partir de uma rede pública”, disse Hércules Vieira, citado pela agência cabo-verdiana de notícias Inforpress.
O presidente da ANAS, que falava durante a apresentação do Relatório Mundial do Desenvolvimento dos Recursos Hídricos sobre Água e Emprego, adiantou que o acesso à água está no centro das preocupações da agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável.
Segundo o relatório, três em cada quatro postos de trabalho dependem da água, sendo a agricultura, silvicultura, pesca, construção civil, turismo, reciclagem, produção de energia e transportes os sectores que mais dependem dos recursos hídricos. A cada 38 horas morre uma pessoa no seu local de trabalho e, de todas estas mortes, quase 20% estão relacionadas com falta de casa de banho adequada e com a não lavagem das mãos.
A especialista da UNESCO que apresentou o relatório, Ângela Renata Ortiga, estimou, apesar de não haver estudos específicos sobre Cabo Verde, que 3 em cada 4 postos de trabalho no país dependam da água, com especial incidência nos setores da agricultura e do turismo.
“O estudo recomenda que seja feito um planeamento integrado da gestão da água, focalizada no desenvolvimento geral da economia, não só pelo facto de ter água para beber, mas também ter água para se conseguir um emprego decente para que possamos alcançar o desenvolvimento sustentável”, adiantou a especialista citada pela Inforpress.
O estudo estima ainda que em África, o investimento em projetos de pequena escala para fornecer acesso a água potável e saneamento pode resultar num retorno sobre o investimento de cerca de 28.400 milhões de dólares por ano (cerca de 25 milhões de euros), ou seja, 5% do Produto Interno Bruto (PIB) do continente.