Capital natural é o conjunto dos bens de origem natural, que podem servir de recursos naturais ou gerar serviços ambientais com valor económico. O capital natural inclui os solos, o ar, a água, os minerais e todos os organismos vivos – na verdade, esta é base sobre a qual se constroem as economias. Mas onde entra o capital natural no normal funcionamento da economia? Teremos de o incluir nas tradicionais funções de produção.
Não produzimos isolados do resto da natureza. Os efeitos deste esquecimento refletem-se na situação a que chegámos hoje, em termos de desgaste dos bens de origem natural, em particular, a biodiversidade.
Segundo o relatório do Eurostat de Novembro de 2022, na última década registaram-se €145 mil milhões em perdas associadas às alterações climáticas na Europa. O impacto na vida dos cidadãos europeus é muito variável, mas é uma constante e os efeitos estão a crescer.
“A maior perda total foi registada em 2017 (€ 27,9 mil milhões), mais do dobro de 2020, como resultado das ondas de calor registadas na Europa que secaram a terra e provocaram incêndios florestais”.
Estamos no limite da capacidade de explorar o planeta e as consequências económicas são reais, globais e transversais a todas as atividades.
Serviços de ecossistema
Uma vez verificados os impactos económicos da perda de capital natural, como o proteger e assim evitar maiores perdas para as economias europeias?
Só protegemos aquilo que valorizamos. É necessário atribuir valor para as atividades de preservação. Em termos económicos, estamos a criar uma nova função de produção, onde o capital natural é uma variável essencial. Nesta linha de inovação, os empresários do setor primário (agricultura, florestas), para além da produção de alimentos saudáveis e nutritivos, podem também obter rendimentos pela preservação e produção de natureza. A valorização dos serviços de ecossistema associados à agricultura e às paisagens rurais faz-se de várias formas, desde o turismo de natureza atá ao mercado voluntário de carbono.
A materialização económica deste novo paradigma, faz-se através do Mercado Voluntário de Carbono, que pode proporcionar novas oportunidades de rendimentos em projetos consistentes e cientificamente bem estruturados, auditados por padrões robustos e monitorizados por tecnologia sofisticada para garantir uma adequada gestão dos riscos.
Compensar a pegada de carbono das indústrias sem ter em atenção os critérios ESG, não é suficiente para responder aos desafios. Não é só clima e economia. É pessoas no espaço rural onde está a floresta.
Benfeitoria e Rendimento Ambiental
A terra não cresce. Por isso a área existente tem de ser preservada, potenciada ou recuperada. Implica um trabalho persistente, aplicação de novas práticas e recuperação de muitas outras caídas em desuso, recurso a tecnologia e biotecnologia para acelerar os processos. Cuidar da terra gera retorno pela melhoria do ativo ambiental em si, ela devolve o rendimento no futuro.
Na AgroInsider estamos na linha da frente na Península Ibérica, assumindo um papel dinamizador na implementação de projetos de preservação e gestão sustentável das florestas autóctones. Cobrimos várias etapas do processo que leva ao mercado de carbono: Identificação de áreas para projetos de alta qualidade, consultoria e planos de desenvolvimento, investimento em parceria, clientes industriais compradores.
Este artigo foi incluído na edição 101 da Ambiente Magazine