Os prejuízos na agropecuária nos Açores, provocados pela seca, poderão ser já superiores a dez milhões de euros, avançou o presidente da Associação Agrícola da Ilha Terceira (AAIT), José António Azevedo.
De acordo com a Lusa, o secretário regional da Agricultura e Florestas, João Ponte, em Angra do Heroísmo disse aos jornalistas que “estamos a falar de um valor em termos quantitativos superior a dez milhões de euros só na cultura do milho para a Região Autónoma dos Açores”.
Pelas contas da AAIT, há uma perda de investimento em milho forrageiro de 1.200 euros por hectare, o que dá mais de seis milhões de euros nos 5.200 hectares já identificados nas candidaturas a apoios, valor esse que duplica quando são acrescidos o valor energético e a aquisição de alimentos para as explorações.
José António Azevedo disse que a ilha Terceira “foi a mais sacrificada com esta seca” no arquipélago, tendo em conta os pedidos de apoio à aquisição de palha e fibra e os levantamentos feitos sobre as produções de milho forrageiro.
“A Terceira esgotou o seu ‘plafond’ muito rapidamente, em comparação com outras ilhas. É sinal de que a ilha Terceira está pior do que as outras”, disse por seu turno o presidente da Associação de Jovens Agricultores Terceirenses (AJAT), Anselmo Pires.
O dirigente defendeu um reforço da quantidade de alimentos apoiados para a Terceira ou a transferência dos apoios de ilhas que não tenham esgotado o seu ‘plafond’, considerando que as atuais ajudas estão “aquém das necessidades”.
Segundo o presidente da AJAT, nos terrenos que se encontram nas zonas média e alta da ilha Terceira, as quebras na produção de milho forrageiro podem chegar aos 50%, mas nas zonas baixas há quem tenha reduções “na casa dos 80%”.
A seca também provocou reduções do efetivo animal. “Abateu-se mais 600 vacas na ilha Terceira do que em período homólogo. Os abates na carne estão com números superiores também. As pessoas estão preocupadas, porque não têm alimento para o gado”, afirmou.
Segundo o secretário regional da Agricultura e Florestas, já foram apresentadas “1.200 candidaturas” a apoios pelas perdas de produção, “com uma área superior a 5.000 hectares”, mas ainda está a ser feita a avaliação dos prejuízos.
“Só no final da primeira quinzena de setembro é que iremos definir o valor dos apoios por hectare”, salientou, referindo-se a um apoio destinado a produções com perdas superiores a 25%.
Foi hoje publicada uma nova portaria que atribui apoios à aquisição de mais 10 mil toneladas de alimento para o gado bovino, em seis cêntimos por quilo nas ilhas Terceira e São Miguel e em 7,5 cêntimos nas restantes ilhas, depois de em julho terem sido abertas candidaturas a apoio num montante igual.
João Ponte admitiu um reforço de apoios, depois de feita uma nova avaliação dos prejuízos e da necessidade de alimento para o gado, em setembro.
Por sua vez, o presidente da cooperativa Fruter, Sieuve Menezes, defendeu o alargamento dos apoios disponíveis para a horticultura às produções de fruta, flores e mel.
“Há algumas situações que nós prevemos de alguns prejuízos acentuados em qualquer uma destas produções”, salientou Sieuve Menezes, alegando que será possível identificar os prejuízos no final de cada campanha.
Também neste caso, o secretário regional admitiu alargar os apoios, com base na avaliação dos prejuízos.
Desde abril que os Açores registam uma quebra de precipitação, em comparação com os valores habituais.
De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, entre maio e julho a ilha Terceira atingiu um grau de seca extrema, as ilhas de Santa Maria, São Miguel e Flores seca severa e a ilha do Faial seca moderada.