A maioria das notícias publicadas aquando do lançamento do Relatório do Estado da Água 2018 da Agência Europeia do Ambiente (AEA), afirmava que Portugal era um dos países da Europa cujos rios tinham água de melhor qualidade. Mas não referem um fator essencial: juntamente com Bulgária, Dinamarca, Estónia, Hungria e Letónia, a AEA chama a atenção para o facto de Portugal não monitorizar o estado químico da larga maioria dos seus rios.
Afirma também que não podem ser feitas extrapolações com base nos poucos trechos monitorizados. De facto, em mais de 70% das massas de água não é feita qualquer avaliação.
O GEOTA considera que é incorreto e abusivo afirmar que “Portugal está entre os países com melhor qualidade de água”. Na verdade, neste relatório, Portugal surge no fundo da tabela, com a advertência “Estado químico frequentemente ou totalmente desconhecido”.
Estes fatos coincidem com os do Relatório do Estado do Ambiente de 2018, publicado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA): o estado químico da maioria das massas de água nas bacias do Tejo e Douro (por sinal, as maiores) é desconhecido. Acresce que, no Tejo, se têm verificado vários incidentes de poluição graves e, no Douro, estão previstas ou em construção novas grandes barragens.
A este propósito, Marlene Marques, Presidente do GEOTA, afirmou: “Há em Portugal um grande desconhecimento e desrespeito pelos rios e sobre a saúde dos ecossistemas fluviais. Desta forma, as agressões, negligências e ilegalidades sistemáticas passam impunes. As notícias vindas a público sobre este relatório escamoteiam a realidade portuguesa e em nada ajudam a consolidar a tão apregoada necessidade de operacionalizar a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.”