A Fundação Calouste Gulbenkian despediu-se ontem de uma árvore tão antiga como a instituição, cuja copa verdejante sobressaía mal se entrava no recinto pela Avenida de Berna. O grande ulmeiro não resistiu a uma doença “para a qual ainda não existe nenhum tratamento eficaz”, a grafiose, informou a fundação em comunicado.
Com a morte desta árvore, o jardim da Gulbenkian passa a ter apenas um ulmeiro tão antigo. Esse, plantado mais perto da entrada do museu, não está doente, explicou ao Público uma fonte oficial da fundação.
A grafiose é uma doença causada pelo fungo Ophiostoma ulmi, que se espalha pelas árvores através de escaravelhos que nelas depositam os ovos. Quando o fungo se instala, a árvore tenta defender-se lançando um melaço, mas isso acaba por bloquear os vasos que transportam os elementos essenciais à fotossíntese. Assim lentamente, o ulmeiro vai sucumbindo: primeiro as folhas das pontas, depois os troncos.
Rui Pedro Lérias, biólogo e organizador de visitas guiadas às árvores de Lisboa, acredita ser “praticamente inevitável” que os ulmeiros de origem europeia, como os do jardim da fundação e a maioria dos que existem em Portugal, morram com esta doença.