Foi esta terça-feira, Dia Mundial da Criança, apresentada a Rota da Energia, um projeto desenvolvido pela ADENE (Agência para a Energia) que pretende, através de campanhas de informação e sensibilização, promover a literacia energética e fornecer orientação técnica e qualificada para os profissionais, empresas e público em geral, visando uma sociedade cada vez mais qualificada, de modo a permitir escolhas mais informadas e comportamentos mais eficientes.
Coube a Nélson Lage, presidente da ADENE, fazer a apresentação desta iniciativa: “Se há duas coisas que nos podem realmente mudar são as experiências pelas quais passamos e a educação que nos é dada: não existe nada mais poderoso que a educação”. E tendo em conta que o nível de literacia energético, em Portugal, ainda é baixo, a ADENE quis dar o contributo para tornar o país mais informado, sensibilizado e consciente: “Foi exatamente com esse espírito de missão pública que através do CINERGIA desenvolvemos a Rota da Energia para responder a estes e outros desafios, espelhando o empenho de Portugal com o cumprimento dos objetivos do Pacto Ecológico Europeu, para uma Europa mais verde e descarbonizada e uma transição climática justa”, refere. Neste projeto, explica o responsável, foram selecionados quatro tipos de público-alvo para o qual foram desenvolvidos conteúdos específicos: cidadãos, escolas, empresas e técnicos municipais.
A Rota da Energia terá assim um especial enfoque nos municípios com maior índice de pobreza energética, pelo que foram selecionados, neste primeiro ano, 15 municípios avaliados como “vulneráveis energeticamente”, de acordo com a metodologia desenvolvida no projeto “LIGAR – Eficiência Energética para Todos!”. Nélson Lage refere que Sintra foi o município escolhido para ser o “pioneiro” nesta iniciativa devido, sobretudo, ao “aglomerado populacional” e ao facto de ter o “maior número de freguesias” consideradas com maior índice de pobreza energética. Ao município de Sintra juntaram-se já Lisboa, Castelo Branco, Torres Vedras e Barreiro. Em setembro, a previsão é de que os restantes municípios – Cascais, Almada, Ílhavo, Figueira da Foz, Tomar, Braga, Bragança, Amarante, Porto, Viana do Castelo e Guimarães – adiram com o mesmo entusiasmo. No entanto, o presidente da ADENE deixou a garantia de que a participação na Rota da Energia está aberta a todos municípios que queiram fazer parte desta nova dinâmica.
Ao nível de ações previstas, Nélson Lage destacou a realização de sessões de informação, sensibilização e formação presenciais ou à distância: “(O objetivo) é levar o conhecimento a todos, estimulando a vontade de saber mais sobre o mundo da energia e, inclusive, da eficiência hídrica, dando a conhecer o papel dos cidadãos na construção deste mundo mais sustentável”, remata.
Objetivos em números no primeiro ano da Rota da Energia:
- 15 municípios
- 300 cidadãos em formato presencial
- 1000 cidadãos em formato online
- 45 agrupamentos de escolas
- 300 técnicos municipais
- 60 entidades e empresas
- 250 horas de formação
“Familiarizar sobre estas novas realidades. Dar a conhecer as potencialidades que o mundo da energia tem para vida e territórios, para o ambiente e para o desenvolvimento económico, é fundamental”. Quem o disse foi João Galamba, secretário de Estado da Energia, que não tem dúvidas do quão “fascinante” é a área da energia: “A transição energética e a área da energia são um projeto mobilizador e que tem na sua dimensão pedagógica algo de muito importante”.
De extrema relevância, para o secretário de estado da Energia, é também envolver toda a comunidade e dar a conhecer esta “nova realidade: de como se produz, como se consome, os tipos de energias que existem e o papel de cada um de nós nessa transformação”. João Galamba recorda que, até há bem pouco tempo, a energia era algo que “nos chegava – éramos agentes passivos”, pelo que, esse é um paradigma que vai sofrer uma transformação muito radical: “Daí ser tão importante o envolvimento de todos”, apela.
A sessão de apresentação da “Rota da Energia” contou com a presença de João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Ação Climática, que foi desafiado a lecionar uma aula sobre energia e eficiência energética aos alunos do terceiro ciclo do concelho de Sintra.