O consumo de eletricidade aumentou 14,9% nas famílias, desceu 18,3% nos serviços e recuou 5,6% na indústria entre março e dezembro, tendo no conjunto da atividade económica caído 3,8%, adiantou a Agência para a Energia (Adene).
Segundo o comunicado, ao qual a Lusa teve acesso, a agência deu conta que, segundo as estimativas rápidas do consumo energético da Direção-Geral da Energia e Geologia (DGEG), entre março e dezembro de 2020, face ao período homólogo, que mostram que “o consumo de eletricidade aumentou 14,9% no setor doméstico e desceu 18,3% no setor dos serviços e 5,6% no setor da indústria”.
A Adene destaca ainda que “no conjunto de toda a atividade económica, a qual se acrescem os consumos de energia elétrica referentes aos transportes ferroviários e à agricultura e pescas, o consumo de eletricidade do período em análise de 2020 terá diminuído em 3,8% face a 2019”.
A agência explicou que o confinamento e encerramento de grande parte dos de serviços e indústria, bem como o teletrabalho “significaram, para uma grande parte da população, mais tempo em casa e, consequentemente, um maior consumo de energia nas suas residências”, que ajudam a explicar estes resultados.
Por outro lado, assistiu-se a uma “redução do setor dos serviços, principalmente durante os primeiros meses de confinamento” destacando-se “a queda abrupta de 43,4% no mês de abril de 2020, face ao ano anterior”. No caso da indústria, observa-se “uma quebra acentuada em abril, mantendo-se o consumo baixo durante três meses, verificando-se depois uma recuperação que se manteria até ao final do ano”, de acordo com a Adene.
Segundo os dados disponibilizados pela entidade, no mesmo período, o gás natural registou “um aumento de 17,5% no setor doméstico e reduções de 20,3% e 9,0% nos setores dos serviços e indústria, respetivamente”. Este segmento registou “uma tendência ao longo do ano semelhante ao da eletricidade, registando-se uma quebra no setor dos serviços e um aumento no setor doméstico, pelas mesmas razões referidas acerca do consumo de eletricidade”, sendo que na indústria houve “uma quebra acentuada em abril e maio, após a qual se observa uma recuperação do consumo, estabilizando em agosto com valores semelhantes aos do ano 2019”.
Já no que diz respeito ao “setor dos transportes, na componente rodoviária verificou-se uma quebra 18,2% no gasóleo e de 21,1% nas gasolinas”, lembrou a Adene, indicando que “na aviação, a quebra foi bastante mais acentuada, de 70,9% no consumo de ‘jet fuel'”. De acordo com a Adene, “o confinamento, as restrições à liberdade de circulação rodoviária e o encerramento dos aeroportos foram as principais causas da queda sem precedentes no consumo de combustíveis no setor dos transportes”, concluindo que “no que respeita ao consumo de energia, este foi o setor mais penalizado pela pandemia”.
“O consumo de gasóleo e gasolinas, no mês de março já são inferiores aos de 2019, tendo sofrido uma queda abrupta em abril, não se aproximando mais dos consumos típicos mensais”, referiu a agência, acrescentando que nesse mês, “registou-se uma queda de 47% no consumo de gasóleo e de 57% nas gasolinas”.
Por sua vez, a “paralisação da aviação em abril originou uma redução de 93% no consumo de jet fuel, face ao mesmo mês do ano anterior”, sendo que até ao final do ano, “o consumo manteve-se sempre muito reduzido, registando-se uma quebra de 71% face ao nestes 10 meses”, rematou a Adene. Por isso, explicou a Adene, o ano de 2020 ficou marcado por uma “redução do consumo de energia” e uma “mudança nos padrões de consumo”, devido ao impacto da pandemia na atividade económica.