Ana Pires e Graça Martinho, da Universidade Nova de Lisboa, criaram um indicador – vencedor do prémio Pordata Inovação na categoria de originais – que permite perceber quais os municípios que reciclam de uma forma mais adequada ao ambiente. Portugal ainda apresenta valores negativos em termos de reciclagem devido aos aterros e à incineração, revela o Expresso. No entanto, há no país municípios que enviam a maioria dos resíduos para reciclagem. O exemplo não vem das grandes cidades mas sim de pequenos municípios que têm investido muito em tecnologia.
O caso dos Açores é particular. Em Laje das Flores todos os resíduos são enviados para reciclagem. Já em Velas e na Calheta enviam tudo para aterro. Estes dois municípios ainda “estão a dar passos para mudar a tecnologia” que permite a reciclagem, explica Ana Pires. Lisboa e Porto apresentam dados negativos: apostam mais em aterros e incineração, do que em reutilização e reciclagem. Até 2020, Portugal tem de reutilizar e reciclar pelo menos 50% dos resíduos que se produzem, o que significa um grande aumento face aos 29% de 2014.
A investigadora explica que a prioridade deverá ser sempre a redução do número de resíduos gerados, depois compete a cada câmara optar primeiro, e sempre que possível, pela reutilização, reciclagem e só em último caso pelo aterro e incineração.
Portalegre tem investido muito na reciclagem, e dos 10 melhores municípios seis pertencem a este distrito alentejano. Nuno Santana, vereador do Ambiente, diz que é o resultado das parcerias com a Valmor. Da parte da câmara, a aposta tem sido em ações de sensibilização dos munícipes, de forma a diminuir o desperdício e a aumentar a separação do lixo.
Ai investigadora da Nova reconhece que “Portugal teve uma grande evolução”. Se, em 2002, quase tudo ia para aterro, “depois de uma estratégia estatal e de uma grande evolução, quer em tecnologias quer em investimento, o país deu um salto qualitativo”.
“Embora Lisboa seja o município que maior quantidade de resíduos envia para reciclagem, só aparece em 163º lugar do ranking, devido À quantidade de resíduos urbanos que são enviados para incineração”. O Porto, por outro lado, “está no 156º lugar, com um resultado de -62,9%. As quantidades que são enviadas para reciclagem e valorização orgânica são apenas 18,5% do total de resíduos urbanos gerados”, concretiza Ana Pires.