O arquipélaqo açoriano vai ter um banco de microalgas no âmbito do projeto REBECA – Rede de Excelência em Biotecnologia Azul na região da Macaronésia (Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde).
O investigador da Universidade dos Açores Vítor Gonçalves disse à agência Lusa que se pretende com o banco de microalgas “procurar estirpes locais” em cada um dos arquipélagos que “tenham valor acrescentando”, visando criar produtos para fins alimentares, de cosmética e medicina.
A biotecnologia azul, que tem vindo a ser potenciada pela União Europeia com apoios comunitários, pretende explorar e aproveitar a diversidade de organismos marinhos daí resultantes para desenvolver novos produtos.
O projeto é cofinanciado em 85% pela União Europeia no quadro comunitário 2014-2020 e em 15% pelo orçamento dos Açores na área científica de biologia, ciências biológicas, visando potenciar o desempenho de atividades de investigação e desenvolvimento na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade dos Açores.
Para o biólogo, produtos a partir de microalgas dos Açores vão ter um “valor mais importante” para os turistas, por exemplo, por serem locais, mesmo que “não sejam superiores em termos de qualidade ou dos efeitos que podem gerar”.
Há já “alguma coisa feita” no campo das microalgas nos Açores, com o docente universitário a destacar que existe uma empresa regional que se dedica à biotecnologia e investigação e que está a desenvolver projetos com produções à escala industrial, para várias aplicações.
Apesar de o empreendedorismo nesta área na região ser “muito rudimentar”, começam a surgir projetos, considerando Vítor Gonçalves que se pretende potenciar produtos a par do descobrimento de outras estirpes para que as pequenas industrias promovam produtos de valor acrescentado.
Neste momento, os investigadores da Macaronésia estão a proceder à criação de uma rede de microalgas para potenciar a biotecnologia azul, tendo o REBECA arrancado há um ano, estando-se nos Açores e na Madeira em “fase de instalação” e organização de coleções de culturas, a par da criação de infraestruturas para acolher o banco de microalgas.
O investigador referiu que o arquipélago das Canárias está numa fase “mais avançada” porque já possui um banco de algas “há muito anos”, o que será uma mais valia para a implementação da rede.
As microalgas são organismos unicelulares que crescem em água doce ou salgada, podendo a sua dimensão variar, estando associadas em colónias, por vezes de grandes dimensões.
Constituindo grande parte do plâncton do planeta, a comunidade internacional estima a existência de 200.000 a 800.000 espécies, das quais apenas cerca de 35.000 estão descritas.