Acordo de Paris é ponto de viragem

A intenção das Nações Unidas de reunir propostas de actuação contra as alterações climáticas em todas as nações, culminando no acordo de Paris, em Dezembro de 2015 – com efeitos a partir de 2020, quando termina o protocolo de Quioto – pode estar mais perto de acontecer, com as duas maiores economias à escala global a comprometerem-se a agir na luta contra as alterações climáticas.

 

 

O acordo entre o Presidente Norte-Americano, Barack Obama, e o Presidente Chinês, Xi Jinping, foi visto com bons olhos à escala mundial. Ambas as nações assumiram as responsabilidades e poderão vir a influenciar outras nações resistentes, no encontro das Nações Unidas a acontecer em Lima, no Perú, no próximo mês. “Este pode ser um passo crítico nas negociações sobre as alterações climáticas”, anunciou Yvo de Boer, um dos supervisores das Nações Unidas, na área do aquecimento global entre 2006 e 2010, à Bloomberg. “Assim torna-se muito mais fácil encaixar as restantes peças do puzzle”.  Os Estados Unidos comprometeram-se em reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa em 26 ou 28% abaixo do nível em que estavam em 2005 até 2025. Uma percentagem superior aos anteriores 17% previstos. Para tal, Barack Obama irá contactar com agências reguladoras e lobbys de negócio e ambientais.

 

A Agência de Protecção Ambiental (EPA, em inglês) irá juntar-se aos departamentos de Energia, do Interior e de Agricultura do governo norte-americano, com o objectivo de definir metas quanto às emissões de carbono para as centrais eléctricas e de metano para as explorações petrolíferas e de gás, bem como registar as emissões dos pesados, camiões e até dos aviões.  Quanto à China, esta é a primeira vez que o país se compromete quanto às emissões de carbono, designando 2030 como o ano em que as suas emissões de dióxido de carbono atingirão um pico e começarão a reduzir. Uma medida que irá dar resposta aos problemas de saúde da população, mas também às preocupações das empresas estrangeiras que investem no país. Ainda assim, a meta mais ambiciosa continua a ser a da União Europeia, que prometeu reduzir as emissões em 40% até 2030, regressando aos níveis de 1990.  “O acordo é o ponto de viragem pelo qual aguardávamos”, referiu Tim Wirth, senador que liderou as negociações do país no protocolo de Quioto, em 1997. “Se os dois maiores players na área do clima se conseguem juntar mesmo tendo duas perspectivas tão distintas, o resto do mundo pode ver que é possível fazer verdadeiros progressos”.