Acidente industrial em Setúbal causou pico de poluição em Alverca
A nuvem poluente de dióxido de enxofre (SO2) provocada pelo incêndio que ontem devastou dois armazéns da empresa SAPEC na zona de Setúbal teve o maior impacto na região de Vila Franca de Xira e Alverca, que registou um pico daquele gás nocivo durante a manhã, entre as 10 e as 11 horas, com 400 microgramas por metro cúbico (de ar) numa hora, afirma hoje o Diário de Notícias. O valor habitual ali é de um a dois microgramas por metro cúbico/hora mas, mesmo assim, o valor registado durante o pico não atingiu a marca de alerta para este poluente, que é de 500 microgramas por metro cúbico/hora.
Os níveis poderão, no entanto, ter sido mais altos perto do local do incêndio durante a madrugada de ontem, depois da deflagração do fogo, mas não há forma de o saber, porque não há dados – ali não existe nenhuma estação de medição de poluição atmosférica, como nota Francisco Ferreira, presidente da associação ambientalista ZERO, e professor e investigador nesta área da Faculdade Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. “As estações existem para vigilância contínua de poluição, e portanto, as mais próximas são as de Setúbal e de Palmela”, diz.
Em Setúbal, como o vento estava na altura a soprar de Sul, ou seja na direção contrária, não se registaram “quaisquer valores elevados de dióxido de enxofre”, segundo a Agência Portuguesa de Ambiente (APA), que estima que “os níveis mais elevados de SO2 na proximidade do local [do acidente] se terão verificado durante a noite, período de recolhimento da população, o que terá diminuído a exposição a este poluente”.
De acordo com a APA, que desconhecia a quantidade exata de enxofre ardida, “a nuvem de poluição atravessou a Reserva Natural do Estuário do Tejo, atingindo de manhã a zona de Vila Franca de Xira” e Alverca. Os valores medidos na estação daquela zona “decresceram significativamente a partir da 14.00”, e a situação ficou “controlada”.
O vento moderado de quadrante sul durante a noite – o incêndio começou por volta das 03 horas, desconhecendo-se ainda as suas causas – e virou para sudeste a partir das 08h30, contribuiu para dispersar a nuvem de poluição, mas especialistas ouvidos pelo DN, consideram que este acidente é um alerta para para as outras instalações industriais no país que armazenam e manipulam substâncias perigosas.