O Dia Mundial das Abelhas comemora-se hoje, 20 de maio, por resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) de Dezembro de 2017. A data visa promover a consciencialização das populações sobre o papel fundamental desempenhado pelas abelhas e outros agentes polinizadores. É hoje reconhecido o importante papel e a contribuição dos agentes polinizadores para o garante da maior parte dos alimentos de consumo humano e animal, o equilíbrio da agricultura, a manutenção de ecossistemas saudáveis e a conservação da biodiversidade.
As abelhas são, de todos os agentes polinizadores (insetos, aves, mamíferos ou outros), responsáveis por cerca de 80 % da polinização das culturas mundiais, ou seja, dos alimentos disponíveis para o Homem e animais. Isto significa que, sem abelhas, grande parte dos produtos agrícolas de que dependemos não existiria, tais como hortícolas, frutos, cereais e forragens para alimentar os animais para consumo humano. À escala global, se as abelhas desaparecessem surgiria uma enorme dificuldade em alimentar a atual população mundial.
Sem a presença de abelhas no nosso planeta, toda a cadeia alimentar seria seriamente afetada, uma vez que se geraria uma enorme perda de biodiversidade, e os ecossistemas entrariam num processo crescente de destruição, com a forte degradação de todos os serviços que estes nos prestam. É importante recordar que os ecossistemas estão na base de toda a vida e da atividade humana e que nos oferecem bens e serviços fundamentais para a manutenção do bem-estar e da relação socioeconómica das populações (sequestro de carbono, polinização, formação dos solos e produção de oxigénio, água potável, alimentos e matérias-primas, entre outros). De acordo com a Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistémicos, o valor anual dos serviços ecológicos e económicos fornecidos pelas abelhas pode atingir os 528 mil milhões de euros.
Contudo, e apesar desta vital importância, muitas das espécies de polinizadores têm vindo a desaparecer por todo o mundo, como consequência das atividades humanas, destacando-se as abelhas. Estes insetos são particularmente sensíveis ao aquecimento global, sendo que um aumento de temperatura de 1.8ºC a 2.6ºC (o esperado até ao final deste século), poderá ser fatal para as abelhas. Para além disso, especialistas de todo o mundo estão preocupados com o decréscimo das populações das abelhas, provocado por fatores tais como a agricultura intensiva, o uso de pesticidas, a poluição, a introdução de espécies exóticas, entre outros.
A Quercus considera, por todas estas razões, ser necessário e urgente uma maior consciencialização dos decisores políticos, e da sociedade no seu todo, para a importância e o valor das abelhas, importando agir quanto antes, e de forma mais marcada, no sentido de travar o declínio destes insetos, pois caso contrário o valor a pagar no futuro será extremamente elevado.
Campanha “SOS Polinizadores”
Preocupada com esta temática e com o declínio acentuado dos insetos polinizadores autóctones, a Quercus e o Grupo Jerónimo Martins têm vindo a desenvolver, desde 2015, a campanha nacional “SOS Polinizadores”. Esta campanha tem como objetivo sensibilizar os agricultores e a comunidade para a importância dos insetos polinizadores e alertar os decisores políticos para a necessidade de se tomarem as medidas urgentes para proteger os insetos polinizadores e as abelhas em especial.
Cientes de que a população tem demonstrado nos últimos anos uma curiosidade e um interesse crescente pela vida das abelhas, sobretudo pelos bons exemplos quase sempre associados a este grupo de seres vivos, o tema em destaque da Campanha “SOS Polinizadores”, ao longo do ano de 2020, continuará a ser a “Apicultura Familiar”. Neste âmbito, a Quercus, com o apoio do Grupo Jerónimo Martins, e em parceria com a ADERAVIS – Associação para o Desenvolvimento Rural e Produções Tradicionais do Concelho de Avis, tem vindo a organizar um ciclo de formações iniciais de apicultura. Estas formações destinam-se sobretudo a não apicultores que pretendam adquirir algumas colmeias para produção familiar de mel e outros produtos da colmeia destinados ao autoconsumo.
Depois de, em 2019, este ciclo de formações ter passado por cidades nacionais como Ponte de Sor, Évora, Castelo Branco, Aveiro e Vila Real, durante o ano de 2020 as formações decorrerão em Viana do Castelo, Setúbal, Porto, Sines e Faro, entre outras, sendo o calendário com as datas divulgado assim que as condições sanitárias o permitam.