“Os oceanos são parte integrante do ciclo hidrológico e a sua saúde depende da forma como se gerem águas interiores, costeiras e ecossistemas associados, assim como os serviços de abastecimento de água e saneamento”. Esta foi uma das ideias partilhadas por Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente e da Ação Climática, relativa ao Simpósio de Alto Nível sobre Água, realizado na semana da Conferência dos Oceanos das Nações Unidas.
O ministro, que falava na sessão de encerramento da Conferência, lembrou que o objetivo do Simpósio, um dos eventos preparatórios da Conferência das Nações Unidas para a Água, marcado para março de 2023 em Nova Iorque, visou reforçar a articulação entre as comunidades de água doce e salgada, contribuindo para que, ao nível internacional, a água seja encarada como um recurso “vital”, “precioso” e “escasso”, integrado num único ciclo que não conhece fronteiras.
“Se queremos um oceano saudável, devemos colmatar as lacunas existentes ao nível do acesso de água potável segura e de qualidade e ao saneamento”, reiterou o chefe da pasta do Ambiente, alertando para a poluição marinha: “É uma ameaça para as espécies marinhas, mas também para a saúde humana”. E ao nível do plástico, o dirigente sublinhou a importância de se garantir um “Projeto Tratado” que seja concluído em 2024. Também a “adoção de uma abordagem holística da nascente até ao mar” foi algo que Duarte Cordeiro deixou bem presente: “É essencial para um visão circular da utilização da água pelo homem e pela criação de instrumentos financeiros legais e regulatórios essenciais para implantação de políticas públicas”. Tão importante, segundo o ministro, é “reforçar o trabalho conjunto de decisores e investigadores no desempenho de políticas públicas e no mecanismo de coordenação entre as áreas de política”, bem como a “cooperação transfronteiriça” e a gestão da água das bacias hidrográficas” e das “zonas costeiras” que devem ser “reforçadas e consolidadas”.
Duarte Cordeiro defende que a “chave para a saúde do planeta está nas parcerias e nos instrumentos financeiros”, reconhecendo que existem “bons exemplos de locais e regiões”, assim como “parcerias de várias naturezas”. Mas, “é preciso acelerar sempre com envolvimento das comunidades e investir em soluções de sucesso que contribuam para a eliminação das desigualdades existentes”, declara. Neste ponto, o ministro do Ambiente foi perentório: “O combate à pobreza e desigualdades também passa pelo acesso à água de qualidade e de saneamento”.
Lembrando que os efeitos das alterações climáticas já se fazem sentir em muitos países, nomeadamente em Portugal com a situação de seca, Duarte Cordeiro garantiu que temas como a “água” estarão nas prioridades maiores da “agenda política: é preciso reforçar e melhorar a comunicação do valor da água para que a sociedade adote medidas e práticas diárias de proteção e conservação deste recurso”.