Capoulas Santos considera que “a agricultura é seguramente o maior desafio do nosso século”. O ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural falava na abertura do Agrofórum CPLP 2016, destacando as “inúmeras oportunidades na agricultura e desenvolvimento rural, afinal são rurais a maioria dos nossos territórios» já que, «é aqui que se desenvolve a agricultura que alimenta as cidades”. Capoulas Santos destacou a importância deste primeiro Agrofórum, “uma iniciativa da sociedade civil que merece o aplauso e apreço do Governo”, para, nomeadamente, ultrapassar as necessidades e os desafios prementes dos países nesta matéria, e “aumentar o autoabastecimento alimentar, e superar a fome e a desnutrição”.
Opinião partilhada por Ana Saez, representante do Mecanismo de Facilitação da Participação do Setor Privado no Conselho Consultivo Mundial de Segurança Alimentar das Nações Unidas, que explicou que “há 800 milhões de pessoas mal nutridas. Alimentação é um direito humano, e aqui o setor privado é fundamental. E por isso estamos a trabalhar em parceria, nomeadamente dentro da CPLP, para colmatar este enorme desafio”.
Para Salimo Abdula, presidente da Confederação Empresarial da CPLP, a questão central reside também no fornecimento alimentar: “Com tanto potencial, abundância, e tanta oportunidade de negócio, como temos tanta fome no mundo?”. Para Abdula, a CPLP “tem recursos para ser uma potência neste planeta”, defendendo que “temos de olhar seriamente para a agroindústria”. “Porque não comercializar com a marca CPLP?”, questionou, “temos de pensar em grande e de forma conjunta”.
Salimo Abdula defendeu que o caminho passa por dotar os produtores de recursos, tecnologia, informação e conhecimento, que permita catapultar a agricultura do espaço lusófono para um lugar cimeiro nos produtores de alimentos a nível mundial.
“Vamos posicionar-nos como líderes mundiais deste planeta no fornecimento de alimentos”
“Este encontro é de extrema importância, não só para a CPLP como para o mundo em geral”, defendeu Salimo Abdula, referindo-se ao problema da desnutrição, lançando o desafio a todos aos participantes de 26 países: “Vamos produzir para o mundo com a marca CPLP, vamos posicionar-nos como líderes mundiais do planeta no fornecimento de alimentos, aproveitando os recursos que os países da CPLP têm. Vamos pensar em grande e de forma conjunta, vamos comercializar com a marca CPLP”.
Jorge Rocha de Matos, presidente da Fundação AIP, concordou que o “espaço da lusofonia é um espaço que necessita claramente de atenção privilegiada. Podemos fazer muito em conjunto no interesse dos nossos países das suas populações”, elogiando o evento “que permitirá criar um espaço de contactos”. Para Rocha Matos é importante produzir bem, defendendo o investimento em formação, inovação, sustentabilidade.
Opinião partilhada pelo embaixador Murade Murargy, secretário executivo da CPLP, para quem a erradicação da fome, o desenvolvimento sustentável, a redução de desperdício alimentar, e a redução de desigualdades são essenciais no investimento que se está a fazer na agricultura. “Uma industrialização sustentável, que gere empregos dignos, e aumente o bem-estar geral”, destacando as oportunidades que o Agrofórum cria para que se concretize este desígnio.
Kapil Kapur, vice-presidente do Banco Africano para o Desenvolvimento (BAD), apresentou as soluções do BAD para apoiar o desenvolvimento da agricultura no continente africano, uma aposta estratégica do banco. Kapur traçou o perfil do setor em África, onde “a agricultura corresponde a 60% do emprego no continente, mas só gera 20% do rendimento. Os níveis de produtividade são muito baixos, o investimento nacional é muito baixo, e há necessidade de importar alimentos”. “A solução é desenvolver a agricultura em África, e o BAD definiu isso como prioridade, uma business oportunity”.
“Estamos cá para apoiar parcerias entre multinacionais, governos e entidades privadas”, explanou. “O Banco vai investir 24 mil milhões de dólares na agricultura nos próximos anos, um apoio que resultará em 100 mil milhões de dólares para desenvolvermos a agricultura como um negócio e não como um modo de vida, para diversificar e aumentar a produtividade do setor”. “Queremos ser parceiros de quem esteja interessado em investir nos países africanos, ajudamos a concretizar parceria com parceiros locais para transformarmos a agricultura em África”, atestou.
Agrofórum: um showroom de oportunidades no agronegócio do espaço lusófono
Jorge Santos, presidente da Câmara Agrícola Lusófona, organizadora do Agrofórum, destacou as oportunidades que o evento oferece, concretizando-se “num verdadeiro showroom de oportunidades no agronegócio do espaço lusófono”. “É uma oportunidade de trocar saberes e experiências entre diversos países, e apresentar as novas oportunidades, nomeadamente ao nível do financiamento. Nunca antes o setor privado esteve em cima da mesa, mas agora abrem-se novas portas, com os determinantes 44 mil milhões de euros – que podem chegar a 88 mil milhões – que a união europeia disponibiliza para esta área”. “Apresenta-se um novo paradigma para a agricultura, que não podemos ignorar”.
O papel da iniciativa privada está a ser reconhecido, e são efetivamente as empresas que fazem a diferença para criar mais negócios no espaço de língua portuguesa. “É precisa mobilização no setor, para que se mostre ao mundo a excelência do que fazemos neste espaço. Temos de interagir mais para juntos ir mais longe”, disse Jorge Santos.
“África conta com 60% das terras aráveis do mundo, 50% reservas mundiais de petróleo e gás estão na CPLP”, lembrou. “É preciso que os empresários portugueses estejam atentos, há um caminho para percorrer, há oportunidades na CPLP que podem ser aproveitadas dentro deste espaço, e os portugueses podem por sua vez fazer parcerias dentro da União Europeia”. O responsável finalizou a sua intervenção garantindo que a Câmara Agrícola Lusófona quer tornar este fórum numa referência no setor, a nível mundial, um espaço de empresários para empresários.
O Agrofórum Países CPLP decorre todo o dia na FIL, reúne 700 pessoas de 26 países para discutir oportunidades no agronegócio na CPLP.