A Ambiente Magazine propôs-se saber um pouco mais sobre a AGERE – Empresa de Águas, Efluentes e Resíduos de Braga, que surgiu da transformação dos Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento em Empresa Pública Municipal, em 1999. E falámos com Rui Sá Morais, presidente do Conselho de Administração da AGERE, sobre quais têm sido os compromissos assumidos em matéria de sustentabilidade.
Qual tem sido o compromisso da AGERE em matéria de sustentabilidade?
O compromisso da AGERE envolve todas as vertentes da sustentabilidade, a ambiental, a social e a económica. As nossas áreas de atuação estão diretamente ligadas com a componente ambiental, captamos, tratamos e distribuímos água, fazemos a recolha e tratamento de águas residuais e recolhemos resíduos urbanos, por isso, temos um foco muito elevado em realizar estas ações com o mínimo impacte no ambiente e com o uso eficiente dos recursos naturais. Em termos sociais, e considerando que prestamos serviços essenciais aos munícipes de Braga e que temos 540 trabalhadores, a nossa responsabilidade nesta vertente é muito elevada, pois temos a consciência que com a nossa atividade influenciamos diretamente a vida de muitas pessoas. No entanto, temos ainda a preocupação de realizar ações de cariz social, através da implementação de tarifários sociais, de diversas ações de solidariedade, de atividades culturais e de donativos a entidades solidárias. Em termos económicos, e sendo uma empresa com capitais públicos, pautamos por uma gestão rigorosa e eficiente, que nos permite ser uma entidade gestora de referência em termos da qualidade dos serviços prestados, mas também sermos reconhecidos, pelo sexto ano consecutivo, como a empresa municipal mais eficiente do país.
Na mobilidade elétrica qual tem sido a atuação da AGERE e que evoluções têm registado nesse sentido?
A AGERE está comprometida em tornar-se uma empresa mais verde, não apenas na mobilidade elétrica, mas também na eficiência energética e descarbonização da frota. A empresa assinou o Pacto de Mobilidade Empresarial de Braga, uma iniciativa que visa promover a mobilidade sustentável no concelho.
Um projeto piloto em parceria com a MOVE+ permitiu a avaliação da eficiência energética da frota de pesados, com base em critérios de eficiência energética e ambiental. A empresa obteve uma classificação energética B para a frota, destacando-se a valorização da ecocondução, recolha inteligente apoiada em tecnologias, modernização da frota e aquisição de veículos elétricos.
A AGERE investiu cerca de 1 milhão de euros em veículos elétricos nos últimos anos, incluindo aspiradores urbanos, viaturas de passageiros, triciclos, viaturas de recolha e equipamentos de limpeza. A aquisição de veículos elétricos, para além das emissões zero de CO2, permite uma operação mais silenciosa, adequada às áreas pedonais.
A mobilidade elétrica está alinhada com os princípios de sustentabilidade que a AGERE valoriza, contribuindo para uma melhor gestão da limpeza urbana e para a melhoria da qualidade de vida dos habitantes de Braga.
Para a construção da nova ETAR de Braga, foram consideradas preocupações em termos de sustentabilidade?
A construção da ETAR do Este em Braga tem como objetivo aumentar a capacidade de drenagem e tratamento das águas residuais em linha com o crescimento populacional e industrial da cidade. Além de garantir o tratamento das águas residuais em conformidade com os requisitos legais para proteção do meio ambiente e da saúde pública, foi dada atenção à gestão eficiente de recursos, introduzindo tecnologias avançadas que permitam a otimização no consumo de água, reagentes, energia elétrica e produção de resíduos.
Esta nova ETAR apresenta características diferenciadoras em relação às soluções convencionais, procurando uma mudança disruptiva na perceção negativa associada ao tratamento de águas residuais. A atividade de saneamento passará a ser vista como uma atividade geradora de recursos, aproveitando os recursos endógenos e intrínsecos que normalmente são subvalorizados. A matéria orgânica presente nas águas residuais será utilizada para a produção de energia verde, por meio da geração de energia elétrica e biometano usando processos biológicos. A instalação contará, ainda com uma estufa solar para aproveitar os resíduos não transformados em energia, produzindo biofertilizantes.
No que diz respeito à água, recurso principal, a instalação considera uma linha de tratamento para produção de “água para reutilização”, onde existirá uma rede de adução para que este “novo recurso” possa ser usado internamente, em diversas operações da instalação, quer por utilizadores externos para fins adequados.
Inclui uma área dedicada à sensibilização do Ciclo Urbano da Água e à preservação e proteção da biodiversidade – Edifício AGERE KIDS – equipado com tecnologias digitais e materiais didáticos, para realização de ações de educação ambiental cujo público alvo será a comunidade escolar
Qual tem sido o foco da AGERE no âmbito dos Biorresíduos?
Desde 2019, a AGERE tem estado envolvida na recolha de biorresíduos em estabelecimentos de restauração e hotelaria no Centro Histórico de Braga. Agora, assumindo a responsabilidade de expandir a recolha seletiva de biorresíduos em todo o município até o final de 2023, foi necessário repensar a estratégia de recolha.
O objetivo é integrar e maximizar o investimento feito em contentores e veículos nos últimos anos, garantindo uma coordenação eficaz com a BRAVAL, S.A., responsável pelo sistema multimunicipal de triagem, valorização e tratamento de resíduos urbanos.
Em conformidade com as diretrizes da empresa, do município e do PERSU 2030, iremos expandir a recolha seletiva de biorresíduos em todo o concelho. Optamos pelo modelo de co-coleta, onde os biorresíduos serão depositados nos contentores existentes para resíduos indiferenciados, em sacos específicos, e posteriormente triados no sistema de tratamento.
A AGERE fornecerá sacos e contentores domésticos de 7 litros, sendo responsabilidade dos moradores depositá-los nos equipamentos existentes para a recolha de resíduos urbanos. Esta abordagem permitirá otimizar a recolha, promovendo eficiência no uso de recursos financeiros e ambientais. Além disso, ajudará a reduzir as emissões de CO2.
*Esta entrevista foi publicada na Edição 102 da Ambiente Magazine.