Moçambique aprovou na terça-feira o contrato para a exploração do maior depósito de grafite do mundo, em Balama, província de Cabo Delgado, mineral que deverá ser usado em baterias de carros elétricos, anunciou a empresa concessionária, noticia a agência Lusa.
As fotografias de desenvolvimento do projeto estão em destaque no portal da empresa mineira australiana Syrah Resources, em que a firma explica que a procura por grafite está em alta a nível mundial por ser um componente usado em baterias, numa altura em que o mercado de automóveis movidos a eletricidade e outros produtos elétricos está em expansão.
A Syrah aposta na extração e processamento para obter “grafite esférica revestida”, um produto processado de “alto valor”, usado para conduzir eletricidade em baterias de lítio. Neste contexto, a mina de Balama será “a principal produtora mundial de grafite de alta pureza”, destaca.
“A produção de Balama é direcionada para fornecer mercados tradicionais de grafite industrial e mercados emergentes de tecnologia”, sendo que a Syrah “concluiu com sucesso um extenso trabalho de teste de certificação com vários produtores de baterias para o uso de grafite esférica de Balama”.
A empresa diz estar agora “focada no avanço das atividades de desenvolvimento do Projeto Balama e intensificou as ações de marketing, com vista a tratar da primeira produção no terceiro trimestre de 2017”, ou seja, até final de setembro.
O Governo moçambicano aprovou na terça-feira os termos do contrato mineiro para a extração de grafite em Balama com a empresa Twigg Exploration and Mining, subsidiária da Syrah, por um prazo de 25 anos renováveis e prevendo-se um investimento mínimo a rondar 88 mil milhões de dólares norte-americanos.
A concessionária adquire o direito de extração, processamento, armazenamento e comercialização dos produtos mineiros.
A existência de valiosos depósitos subterrâneos de grafite na província de Cabo Delgado já tinha motivado também o investimento da multinacional alemã AMG Graphit Kropfmuhl.
A 28 de junho, a empresa iniciou formalmente a produção de grafite na mina de Ancuabe, tendo investido 12 milhões de dólares, empregando 100 trabalhadores, 60 dos quais moçambicanos.
O arranque foi o culminar de cerca de cinco anos de reabilitação da infraestrutura, que estava paralisada na sequência da guerra civil de 16 anos, que terminou em 1992.
Desde o século XIX que a existência de grafite é motivo de realce no norte de Moçambique. De acordo com o portal da Syrah, o geólogo e engenheiro John Furman, ao serviço da Companhia do Niassa, foi o primeiro a documentar o “grande depósito de grafite” de “alta qualidade” na região de Balama em 1893.