A população de leões em dois parques nacionais no sul de Angola terá descido de 1.000 para cerca de uma dezena em 12 anos, segundo estimativas de um estudo realizado pela organização não-governamental (ONG) Panthera, refere a agência Lusa.
O levantamento, realizado entre 2015 e 2016 nos parques nacionais de Luengue-Luiana e de Mavinga, na província angolana do Cuando Cubango, foi coordenado por Paul Funston, diretor daquela ONG para o programa de Leões e Chitas, que explica a forte diminuição desta espécie em Angola com a caça furtiva.
“Surpreendentemente, descobrimos que, nesses dois parques, onde o número de leões chegou a 1.000 há 12 anos, apenas 10 leões permanecem. Isto deve-se provavelmente por os leões terem pouco para comer, permanecem poucas espécies de presas devido à caça selvagem”, aponta Paul Funston, referindo-se às conclusões do estudo, entretanto entregue ao Governo angolano.
Aqueles dois parques nacionais angolanos eram dos principais “contribuintes” na população de leões da região de proteção transfronteiriça KAZA (Kavango-Zambezi Transfrontier Conservation Area), a maior do mundo e que se estende por 520.000 quilómetros quadrados entre Angola, Namíbia, Zâmbia, Zimbabué e Botsuana.
A estimativa da Panthera aponta para a presença de apenas 10 a 30 leões naqueles dois parques do Cuando Cubango.
“Até esta pesquisa, pouco se sabia sobre a situação do leão neste e noutros parques e áreas angolanas. O que nós sabemos, no entanto, é que nos últimos 20 anos, os leões sucumbiram a matanças ilegais, perda de habitat e caça furtiva, com apenas 20 mil indivíduos sobreviventes em toda a África”, enfatizou o especialista da Phantera.
O estudo daquela ONG especializada na proteção animal refere que em ambos os parques nacionais estudados, as populações de vida selvagem “foram dizimadas durante a longa guerra civil angolana”.
A pesquisa envolveu, nomeadamente, a colocação de armadilhas fotográficas, que cobriram uma área de 27.500 quilómetros quadrados, principalmente ao longo dos rios Cuando, Luiana e Luengue, além dos bosques adjacentes. Ao todo, foram contabilizadas 288.479 fotografias, sendo 37.032 capturas independentes e destas um total de 51 espécies fotografadas.
Nos mesmos dois parques estudados, a estimativa aponta ainda para a presença de 151 chitas, 518 leopardos e até 600 cães selvagens africanos.