A pegada ecológica média de cada português, que relaciona o consumo de recursos naturais e a capacidade de resposta da natureza, aumentou 73% entre 1961 e 2013, ocupando Portugal o 9.º lugar entre os países mediterrânicos, avançou recentemente a Lusa.
Segundo uma análise divulgada ontem pela Associação Sistema Terrestre Sustentável – Zero, com base em dados da organização Global Footprint Network, se todos os países tivessem a mesma pegada ecológica que Portugal, “seriam necessários 2,3 planetas” para responder ao consumo. O défice ecológico do país aumentou continuamente até ao início dos anos 2000, registou uma redução a partir desde 2006 e “deve-se tanto a um elevado grau de dependência dos recursos e da biocapacidade do exterior como à utilização excessiva dos recursos locais”, resume a associação liderada por Francisco Ferreira. “Com um aumento de 73%, somos o país com a 9.ª pegada mais elevada no Mediterrâneo e com a 6.ª mais baixa da União Europeia” (UE), desde 1961, refere a Zero.
O trabalho para compreender a forma como Portugal utiliza os recursos naturais da biosfera, divulgado a propósito do Dia Mundial do Ambiente, que se assinala na segunda-feira, indica que o consumo de alimentos, com 32% da pegada total do país, e a mobilidade, com 18%, estão entre as atividades humanas com mais peso em Portugal, constituindo “pontos críticos para intervenções de mitigação”.
A biocapacidade por pessoa em Portugal aumentou 24% entre 1961 e 2013, ao passar de 1,2 para 1,5 hectares globais (gha), a medida definida para quantificar esta relação, e é ligeiramente superior à média entre os 24 países mediterrânicos (1,2 gha), mas está abaixo da média mundial (1,7 gha). Este acréscimo foi superado pela subida de 73% da pegada ecológica média ‘per capita’ do país, que passou de 2,2 gha por pessoa em 1961 para 3,9 gha em 2013, salientam os ambientalistas.
A contabilização da pegada ecológica, explica a Zero, tornou-se uma medida cada vez mais utilizada para realçar a importância do capital natural e é usada em estudos de sustentabilidade para avaliar as necessidades humanas de serviços renováveis e de serviços essenciais, em comparação com a capacidade do ecossistema de fornecer serviços essenciais à vida.
A pegada ecológica mede o uso de terra cultivada, florestas, pastagens e áreas de pesca para o fornecimento de recursos e absorção de resíduos, como o dióxido de carbono proveniente da queima de combustíveis fósseis, e a biocapacidade mede a quantidade de área biologicamente produtiva disponível para regenerar esses recursos e serviços.
Nos 26 países da UE analisados, são os que têm mais rendimentos que possuem as maiores procuras de recursos, em termos de pegada ecológica, refere a Zero, explicando que a componente de pegada de carbono teve a principal contribuição em praticamente todos os Estados analisados.
*Foto de Lusa