A necessidade de adaptar os imóveis para responder a novas exigências de conforto e funcionalidade está a impulsionar os portugueses a investir e a renovar as suas casas. Apesar de 40% das necessidades energéticas da União Europeia e 36% das emissões de gases com efeito de estufa terem origem no setor dos edifícios – sendo que 27% dizem respeito a edifícios residenciais – a preocupação com a eficiência energética não é prioridade para os portugueses, de acordo com um novo estudo do Observador Cetelem.
As conclusões revelam que metade dos proprietários planeiam realizar obras para adaptar os imóveis às suas necessidades, mas no que respeita à adaptação para a eficiência energética, 53% não manifestam esta intenção. Entre os arrendatários, essa tendência é ainda mais marcante, com 72% a declararem que não vão solicitar melhorias neste domínio aos senhorios.
O consumo de energia é uma preocupação somente para 36% dos inquiridos, no que concerne aos aspetos que mais contribuem para o aquecimento global: apenas um terço dos proprietários pensa em instalar painéis fotovoltaicos para reduzir os custos com eletricidade, sendo mais natural este investimento entre os proprietários de moradias (50%). Este ceticismo é ainda mais evidente entre os inquiridos que possuem casas antigas, pois ponderam menos a instalação de soluções energéticas inovadoras. Já 77% da amostra afirma não ter planos para substituir os sistemas de aquecimento por bombas de calor.
A predisposição para adotar medidas de eficiência energética varia em função da idade dos inquiridos: os consumidores entre os 35 e 49 anos mostram-se mais abertos à realização de obras (53%), contrastando com os mais velhos, com 65 anos ou mais (37%). No entanto, a idade parece não ser o único fator a influenciar estas decisões, uma vez que a informação desempenha um papel significativo, havendo uma maior vontade de realizar obras entre os que conhecem as regulamentações que visam melhorar a eficiência energética dos alojamentos e edifícios (49%). Os proprietários que se consideram bem informados, planeiam também mais a substituição de eletrodomésticos por modelos mais eficientes, comparativamente com 36% dos menos informados que não planeiam fazê-lo.
Entre os proprietários que efetuaram recentemente obras nos seus imóveis, o investimento dedicado à renovação energética foi, para a maioria dos inquiridos (76%), inferior a 10 mil euros, sendo a principal fonte de financiamento destes projetos os capitais próprios, provenientes de poupanças. Mais de metade investiram no isolamento térmico ou acústico, nomeadamente com a instalação de janelas com vidros duplos ou triplos (59%). Ainda no âmbito do financiamento, embora 70% dos proprietários afirmem estar bem informados acerca dos apoios disponíveis para a renovação energética das suas casas, mais de 60% não beneficiaram ou não esperam beneficiar desses apoios.
O estudo procurou ainda aferir quais os aspetos considerados prioritários pelos cidadãos para inverter o aquecimento global e promover a transição ecológica: 52% dos portugueses identificaram o uso de transportes próprios como uma das principais causas das emissões de carbono. No que refere à habitação, a gestão de resíduos e a redução do desperdício são igualmente apontadas por 44% dos inquiridos como fatores relevantes, a par do consumo de energia (35%) e de água nas suas habitações (28%).