O Marine Stewardship Council (MSC) anunciou a entrada em avaliação completa de acordo com o Padrão de Pesca do MSC da pescaria de cerco da Sardinha Ibérica. Este processo de avaliação é liderado pela Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco (ANOPCERCO) e pela Asociación de Organizaciones de Productores de Pesca del Cantábrico (OPPs CANTÁBRICO).
O Padrão de Pesca do MSC, reconhecido como o processo de avaliação da sustentabilidade da pesca extrativa mais rigoroso e credível do mundo, certifica pescarias sustentáveis e bem geridas, baseando-se em três princípios fundamentais: populações saudáveis de peixes; minimização do impacto sobre o meio marinho no seu conjunto; e um sistema eficaz de gestão pesqueira. A certificação da sardinha ibérica será realizada pelo certificador independente Bureau Veritas para os três princípios mencionados.
A sardinha ibérica, um recurso valioso partilhado por Portugal e Espanha, distribui-se do Golfo da Biscaia ao Estreito de Gibraltar. A sardinha portuguesa obteve anteriormente a certificação MSC, um reconhecimento importante, que em 2014 foi suspenso devido a desafios na gestão do stock. Desde então, têm sido implementadas medidas para melhorar a sustentabilidade da pescaria, visando uma futura recertificação.
Em 2021, Portugal e Espanha acordaram um Plano Multianual de Gestão que inclui regras que definem as capturas anuais, períodos de interdição da pesca, limites à captura de juvenis entre outras medidas de gestão que têm como objetivo a gestão sustentável deste recurso partilhado.
Em avaliação estará a pesca do cerco, composta por 339 embarcações que direcionam as suas capturas para pequenos pelágicos, 144 pertencem à frota portuguesa e 195 à frota espanhola, e as capturas são realizadas na zona FAO 27, concretamente nas zonas CIEM VIIIc e IXa.
O processo de avaliação agrega 17 Organizações de Produtores de Pesca (OPs) de Espanha e Portugal, assim como três associações de indústrias alimentares de Portugal. Todas as OPs portuguesas são membros da ANOPCERCO. No caso de Espanha, seis das OPs estão integradas na OPPs CANTÁBRICO, bem como outras duas OPs que não são membros da referida Associação, mas que também realizam essas capturas. Finalmente, dentro do grupo cliente desta pescaria estão três associações portuguesas de indústrias alimentares, Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe (ANICP), Associação Nacional da Indústria pelo Frio e Comércio de Produtos Alimentares (ALIF) e Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED).
Alberto Martín, diretor do programa MSC para Espanha e Portugal, afirma que “a pesca da sardinha é um exemplo de como as diferentes partes interessadas, produtores, administração, empresas e cientistas, podem unir esforços em prol da sustentabilidade. As frotas espanhola e portuguesa estão a colaborar muito estreitamente para conseguir uma gestão sustentável da sardinha ibérica. Têm investido muito esforço na melhoria das informações disponíveis em relação ao stock, aperfeiçoando os dados e propiciando a geração de novos modelos ecossistémicos para compreender melhor que relações existem na cadeia trófica com este recurso. Por todo este trabalho realizado, felicito as frotas de ambos os países e desejo-lhes sorte no processo de avaliação completa da sardinha que determinará, através de um processo objetivo e baseado na ciência, se a sardinha pode ser certificada”.