A 25 de setembro assinala-se o Dia Nacional da Sustentabilidade e a Ambiente Magazine foi ter com empresas/associações que estão a aderir a este fenómeno que cresce a velocidade cruzeiro. Com consciência do quanto é importante adotar práticas mais amigas do ambiente, estas organizações falam de como a sua atividade está também focada na literacia ambiental.
Ana Calhôa, Secretária-Geral da Associação de Bioenergia Avançada (ABA), começa por afirmar que a sustentabilidade “é o motivo pelo qual existimos”. “No contexto da transição energética e da luta contra as mudanças climáticas, promovemos ativamente a utilização de biocombustíveis avançados e sustentáveis, produzidos a partir de resíduos, como uma solução eficaz para descarbonizar setores estratégicos da economia, como o setor dos transportes. Para nós, a sustentabilidade é uma necessidade imperativa que guia a inovação tecnológica e as práticas de todos os nossos associados, sendo que procuramos fomentar um mix energético mais limpo, inclusivo e eficiente, e simultaneamente contribuir para a redução de emissão de gases de efeito estufa e para a promoção de uma economia circular”.
Desta forma, a ABA foca-se na missão de educar a sociedade sobre o valor da bioenergia avançada e sobre o seu papel crucial na descarbonização. Uma das maneiras de promover a literacia ambiental é através de um relatório semestral, no qual são apresentados dados sobre o impacto dos biocombustíveis avançados e das políticas energéticas associadas. Mas não se fica por aqui, pois é igualmente importante tornar esta educação “transversal a qualquer cargo ou posição nas empresas”, defende Ana Calhôa. “Quando os líderes incorporam e promovem ativamente a sustentabilidade, isso serve como um exemplo para todos os colaboradores e cria uma mentalidade de responsabilidade ambiental”.
E o mesmo princípio estende-se ainda à restante cadeia de valor, incluindo fornecedores, parceiros e outros players: “ao trabalharmos com parceiros que partilham os nossos valores ambientais, criamos um impacto positivo mais amplo, promovendo a economia circular e o uso de bioenergia avançada nos setores nos quais atuamos”, explica a Secretária-Geral da ABA.
“Queremos tornar a literacia ambiental um ponto central nas decisões de consumo e na adoção de tecnologias limpas” (ABA)
Da mesma opinião partilha Nuno Matos, Diretor-Geral da Eco-Oil: “o impacte de uma empresa vai além da sua operação, contempla também toda a sua cadeia de valor e procurar opções ambientalmente mais responsáveis não deveria ser uma opção, deveria ser a única escolha possível”. Nesta organização, defende, a produção do EcoGreen Power é uma resposta às metas de descarbonização, sendo uma alternativa ao combustível fóssil tradicional, com um processo de produção que emite menos 99% de gases poluentes, e que pode ser usado por outras empresas, desencadeando um ciclo mais virtuoso deste tipo de produto.
E para dar continuidade ao fenómeno da sustentabilidade, a Eco-Oil tem um responsável dedicado a esta temática, apesar deste compromisso ser estendido a todos os colaboradores da empresa: “a participação de todos é incentivada e os principais indicadores de monitorização de desempenho são partilhados com todos porque entendemos que, para levar a cabo esta missão, precisamos do envolvimento de todos os colaboradores nos vários níveis de organização”, diz Nuno Matos.
Este trabalho também tem sido feito em estreita colaboração com a Academia, onde a empresa procura inovar e criar condições para mais investigação e conhecimento, e com a adesão a projetos e associações que permitam à Eco-Oil manter uma “posição ativa e pioneira na valorização de resíduos”. “A participação dos nossos colaboradores em fóruns, onde estes temas são relevantes, é igualmente importante para tornar cada vez mais vocal a agenda que defendemos”, exemplifica o responsável.
Em relação à relação com o cliente, Nuno Matos crê que a organização é procurada pela sua preocupação ambiental e impacte da sua atuação, além da sua transparência na comunicação de todo o processo de produção. “60% dos inquiridos consideram o EcoGreen Power como o melhor combustível no mercado e 100% dos clientes dizem estar satisfeitos com o desempenho do nosso combustível”, conclui.
“O reforço da comunicação com os colaboradores e sua constante formação, é outra área importante na criação de uma consciência ambiental ampliada” (Eco-Oil)
Por sua vez, Luísa Vasconcelos e Sousa, Country Manager da Swappie, afirma que a atividade a sua empresa “não se trata apenas de prolongar a vida útil dos iPhones, mas sim criar um ciclo de consumo mais responsável”. “Para tal, a nossa estratégia centra-se, primeiramente, na educação para a escolha consciente e na desmistificação do que são telemóveis recondicionados, porque assim contribuímos diretamente para a redução de resíduos eletrónicos e da pegada ambiental associada à produção de novos aparelhos”.
Por outro lado, cada colaborador da Swappie tem oportunidade de contribuir com sugestões e envolver-se em práticas sustentáveis. Por isso, numa nova contratação, a empresa procura pessoas que partilhem dos princípios ecológicos, bem como da ambição em construir um futuro mais verde – ideal que se estende aos quadros superiores da organização: “na Swappie, a nossa filosofia é que líderes devem ser os primeiros a dar o exemplo e integrar práticas ecológicas no seu dia a dia, pois são quem define o padrão para toda a equipa”. E o mesmo se aplica a parcerias com outras entidades, sendo que as próprias devem partilhar desta visão.
Sobre o consumidor, Luísa Vasconcelos e Sousa acredita que a entrada da Swappie no mercado criou uma mudança de hábitos no consumo, criando uma abertura das pessoas para produtos mais sustentáveis, como é o caso dos telemóveis recondicionados.
“Além disto, orgulha-nos saber que a conjuntura atual no que diz respeito à reparação dos resíduos eletrónicos está a nosso favor, já que as novas diretrizes europeias, como a Diretiva do Direito à Reparação, refletem os nossos princípios, oferecendo uma solução de reparação para produtos eletrónicos fora da garantia em vez de optar pela sua substituição. Esta mudança representa uma grande conquista para a economia circular, alinhada com a visão que temos desde a nossa fundação”, acrescenta a country manager.
“A responsabilidade ambiental deve ser partilhada e alargada a todos os envolvidos na cadeia de valor” (Swappie)
No caso da Statkfrat, João Schmidt, Diretor de Desenvolvimento de Negócio, confirma que a sustentabilidade também começa de dentro para fora. Em Espanha, a empresa tem uma equipa de Sustentabilidade e Ambiente, que também apoia a equipa de Portugal, e que trabalha de forma transversal com todas as áreas da organização, desde as fases mais incipientes dos projetos até à sua operação e manutenção.
“Sendo a maior produtora europeia de energia renovável e líder internacional na produção hidroelétrica, estamos comprometidos em acelerar a transição energética e contribuir para a mitigação das alterações climáticas, já que, para nós, a sustentabilidade é uma responsabilidade para com o planeta e as comunidades”, explica. “O nosso compromisso estende-se para além da produção de energia limpa, abrangendo também o uso eficiente dos recursos, a promoção de práticas responsáveis nas comunidades onde operamos e a implementação de soluções inovadoras que minimizem o impacto ambiental”, afirma ainda, exemplificando com a central Talayuela Solar, onde além de gerar energia renovável, a empresa para criar valor para a comunidade local, tendo envolvido diretamente 262 habitantes na construção e promoção de empregos sustentáveis na região.
E esta responsabilidade é ampliada para todos os colaboradores da empresa, bem como a todos os stakeholders, sendo que a Statkraft procura ativamente estabelecer parcerias e trabalhar com fornecedores que estejam igualmente empenhados na transparência e na mitigação de riscos ambientais, preferencialmente locais, para que estas economias também se possam desenvolver.
“A título de exemplo, em Espanha promovemos a sensibilização e a consciencialização interna e externa, através da realização de jornadas de voluntariado e educação , tais como as desenvolvidas nos centros educativos de Talayuela, que nos permitiram medir a pegada de carbono e sensibilizar os trabalhadores para o impacto da sua atividade”. Outro tipo de ações ligadas à educação ambiental é a procura de sinergias com entidades de carácter mais amplo do que os centros educativos, por exemplo, com universidades, como a Cátedra “Energias Renováveis e Territórios Sustentáveis”, que permite que uma equipa de investigação multidisciplinar trabalhe sobre questões fundamentalmente ambientais.
“Ao fornecer dados claros e acessíveis sobre como a transição para fontes renováveis pode beneficiar os seus negócios, estamos a criar um ambiente onde a literacia ambiental está sempre a ser reforçada” (Statkfrat)
A Statkraft tem ainda um programa de bolsas “Atrayendo Talento”, para apoiar a formação de jovens entre os 16 e os 25 anos em áreas relacionadas com as energias renováveis. “Iniciativas como esta não só aumentam a consciencialização sobre a importância das energias renováveis, como também incentivam as novas gerações a participar ativamente na transição energética”, diz João Schmidt. “Este é um compromisso que pretendemos expandir em todos os mercados onde operamos, incluindo Portugal”.