A SUMA celebra este ano o seu 30º aniversário no setor da gestão e recolha de resíduos em Portugal, numa altura em que é totalmente integrada pela Mota-Engil. A Ambiente Magazine entrevistou Manuel Costa, presidente da SUMA, que depois de nos fazer um balanço positivo destas três décadas numa primeira parte desta conversa, não hesita em reconhecer que em Portugal temos de ser mais eficazes e pró-ativos na implementação de soluções . Leia agora a 2ª parte desta Grande Entrevista.
O setor tem sabido acompanhar as evoluções que se registam na tecnologia e na digitalização? Que passos ainda precisam ser dados?
O setor da gestão de resíduos é muito ativo na procura de soluções, seja na recolha dos vários fluxos, seja no seu tratamento, com recurso à utilização de inteligência artificial em processos do dia-a-dia, como seja na gestão otimizada das frotas; nos veículos inteligentes com fatores de segurança humana avançados e combustíveis inovadores; contentores com sensores que determinam capacidade, volume e tipologia de resíduos; aplicações de todo o tipo que atribuem benefícios ao cidadão pelo bom comportamento ambiental, com métricas personalizadas; sistemas payt associados a várias formas de pagamento pelos resíduos produzidos; triagens robotizadas que aumentam a eficiência e a capacidade de separação de embalagens; ou drones que monitorizam segurança e vários parâmetros de qualidade nos aterros sanitários. Estes exemplos, entre outros tantos, são exemplos reais de projetos que já se implementam em Portugal e aos quais a SUMA dá a devida atenção.
De que forma tem procurado a SUMA manter-se na vanguarda da inovação neste setor?
Para além de todos os exemplos referidos acima, posso destacar a implementação total das rotas de recolha de resíduos dinâmicas, utilizadas em toda a frota de recolha e limpeza, o que permite otimizar os tempos de recolha, consumo de combustível, gestão de equipas e garantir uma maior eficiência de toda a organização. Com este exemplo, todos os recursos são melhor alocados, com benefícios sociais, ambientais e económicos, o que se traduz em melhores propostas de valor para os nossos clientes.
Como se encontra o nosso país, quando comparado com outros países europeus? Que desafios enfrenta na área dos resíduos?
A experiência internacional da SUMA permite-me dizer que o nosso país está no primeiro mundo no que à gestão de resíduos diz respeito, fazemos parte do grupo de países que se autoimpõe objetivos e metas importantes e que se preocupa de forma muito séria com o seu impacto no ambiente. E é este o caminho certo. Quando comparados com os países europeus, não estamos assim tão atrasados como por vezes nos querem fazer crer, mas temos de ser mais eficazes e pró-ativos na implementação de soluções. Se por um lado temos metas para cumprir muito ambiciosas, por outro temos oportunidades e possibilidades para explorar. Os desafios são muitos, e começam na própria definição das metas, passando pela capacitação das pessoas para todo o mundo digital e pela adaptação das soluções técnicas a cada região.
Ao nível das políticas delineadas pela União Europeia, considera que estamos no caminho certo, à velocidade correta? Algo poderia ser diferente?
Estamos sempre no caminho certo, é o nosso caminho. Se podemos ir mais depressa? Sim. Se isso é melhor e mais eficaz? Não tenho essa resposta. Esta pergunta provavelmente não tem resposta certa. Fazemos o que sabemos da melhor forma possível, “o caminho faz-se caminhando”.
Se pudesse avançar mais 30 anos, como gostaria que estivesse o setor dos resíduos em Portugal?
Gostaria que a utilização dos aterros sanitários estivesse em mínimos históricos; que a recolha de biorresíduos e de materiais recicláveis fosse um hábito adquirido pela população; que a redução de resíduos fosse um hábito enraizado; que a produção de resíduos estivesse a diminuir de ano para ano; que a economia circular estivesse a funcionar e que os resíduos fossem matérias-primas secundárias em grande parte das indústrias; e que a SUMA mais uma vez se tivesse reinventado e se mantivesse como o operador líder de mercado.
Qual o compromisso da SUMA em matéria de sustentabilidade?
A SUMA mantém um compromisso inabalável com a sustentabilidade, norteando suas ações em prol da proteção ambiental e do desenvolvimento da qualidade de vida das comunidades atendidas, o que ocorre simultaneamente à adoção de práticas exemplares de responsabilidade social e governança corporativa. Estruturada nas melhores práticas ambientais e de governação, a política organizacional da empresa integra requisitos emergentes do setor, expetativas das partes interessadas, necessidades dos clientes, soluções de eficiência e investimentos em sistemas de última geração.
E a nível da sensibilização e educação ambiental, o que tem a SUMA feito?
As ações de educação e a sensibilização ambiental da SUMA são reconhecidas por todos os seus clientes e são uma marca diferenciadora nos nossos serviços, apresentando soluções de interação diferenciadas com vários públicos-alvo. Mesmo fora de Portugal, em países em que trabalhamos, como Angola e Omã, somos uma referência e benchmark nesta vertente da nossa atividade. Recentemente, pela introdução de uma nova fração de separação e de recolha na cogestão de resíduos – os biorresíduos -, a urgência na obtenção de determinadas metas de prevenção da produção de resíduos, de preparação para a reutilização e reciclagem e de deposição em aterro já para 2025, o mérito reconhecido à educação ambiental traduziu-se em mais clientes e atividades.
Quais os objetivos da SUMA em Portugal para este ano?
Este ano os nossos objetivos são manter a nossa quota de mercado, e estar atento a novas oportunidades de negócio; continuar a prestar um serviço de qualidade, tal como é reconhecido pelos nossos clientes, manter e reforçar a aposta na inovação e fazer um relevante investimento na renovação da nossa frota de equipamentos.
Na vertente internacional, qual a abrangência hoje da SUMA?
Para além de Portugal, A SUMA está presente no Brasil, Angola, Omã e Moçambique, e ativamente a estudar oportunidades noutros mercados, como Costa do Marfim, Ruwanda, Marrocos, Macau e Arábia Saudita.
Pode sintetizar os planos de atuação e investimento por países?
Passa, em primeiro lugar, por consolidar as operações que temos e de estudarmos todas as oportunidades que o mercado oferece. Somos procurados também pelas instituições locais de alguns dos países em que trabalhamos para aportar o nosso know-how ao desenho de soluções e apresentar soluções em parceria. Trabalhamos em várias realidades distintas no que concerne ao nível de desenvolvimento do sector nos diferentes mercados e nesse sentido adaptamo-nos, procurando sempre acrescentar valor.
Está prevista a entrada em outros mercados?
Estamos a avaliar oportunidades de investimento em todas as geografias em que o Grupo Mota-Engil opera, sendo que neste momento não é possível antecipar ainda uma nova entrada.
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