A energia solar fotovoltaica já foi anunciada como a terceira revolução nas energias renováveis em Portugal. Mas a falta de subsídios ameaça deixar esta revolução no papel.
Portugal vai ganhar mais 180 megawatts (MW) de energia solar fotovoltaica. Esta potência já foi aprovada pelo Governo e está atualmente a ser instalada, revela o Negócios.
Apesar de o secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches, reconhecer que o subsídio à produção de renováveis foi o “caminho correto” a fazer, defendeu que a “mudança tecnológica” dos últimos anos “permitiu criar as condições para que hoje as renováveis sejam competitivas com todas as outras energias”.
Mas os produtores de energia renovável em Portugal têm uma opinião diferente da do secretário de Estado. Pela voz da APREN, consideram que, sem tarifas bonificadas, dificilmente vai haver terceira revolução nas renováveis.
“A APREN não acredita que possa haver solar fotovoltaica em mercado, que possa entrar simplesmente com as regras de mercado puro e duro”, disse ao Negócios o secretário-geral da associação que representa mais de 90% da potência instalada de eletricidade renovável em Portugal. “Porque além do preço do mercado ser muito volátil e estar baixo, quem entra no mercado tem de pagar ainda custos de rede e custos de desvios das previsões”, explica José Medeiros Pinto.
A APREN considera que o Governo devia ir beber ao exemplo do consórcio eólico Eneop, que teve tarifas bonificadas de 74 euros por MWh e que instalou mais de 1.200 MW em Portugal. Este projeto também implicou a criação de uma fileira industrial, com a instalação da fábrica da alemã Enercon em Viana do Castelo.