Um novo estudo demonstra que há uma forte correlação entre as pontuações das empresas de mercados emergentes em índices ambientais, sociais e de governance (ESG) e as principais métricas financeiras e de criação de valor. A consciencialização relativa à sustentabilidade, que já está presente nas economias avançadas há décadas, está agora a impactar as empresas e comunidades de economias emergentes, transformando a própria natureza da concorrência global, aponta o novo estudo “The Sustainability Imperative in Emerging Markets”, desenvolvido pela Boston Consulting Group (BCG),
O relatório aponta que as empresas em economias emergentes têm atualmente em cada um dos pilares de ESG um desempenho inferior ao dos pares de mercados desenvolvidos. Os mercados emergentes têm, no entanto, uma responsabilidade elevada na mitigação das alterações climáticas, ao mesmo tempo que apoiam o crescimento do PIB global: “é estimado que o seu peso no PIB global aumente dos atuais 50% para 62% em 2050”. Estes países, tal como indica o estudo, produzem também 85% das emissões globais de CO2, apesar de emitirem significativamente menos gases com efeito de estufa per capita do que os mercados desenvolvidos. Se as alterações climáticas mantiverem a sua trajetória atual, o impacto será mais nocivo para os mercados emergentes, podendo perder até 15% do PIB per capita, de acordo com as classificações globais da S&P.
“O nosso estudo mostrou que as empresas em economias emergentes do Brasil à China e à Turquia – transversalmente a todos os setores da indústria – estão a responder à intensificação da pressão. Pressão essa, proveniente de consumidores, colaboradores, parceiros comerciais, investidores e reguladores para apoiarem os seus compromissos verdes com ações certificadas”, explica Burak Tansan, coautor do relatório, Chairman do escritório da BCG em Istambul, e Managing Director e Senior Partner da BCG. De acordo com o responsável, “as empresas em economias emergentes que assumiram a liderança já estão a ganhar no seu mercado, reforçando o seu acesso aos mercados internacionais e baixando o custo de financiamento, são capazes de atrair e reter o melhor talento e abordam paralelamente as preocupações de sustentabilidade dos seus clientes. As que não agirem arriscam-se a perder a sua vantagem competitiva, aumentando o fosso rapidamente”.
O relatório identifica 50 empresas de mercados emergentes em várias indústrias, denominadas de “pioneiras do clima”, que têm um forte desempenho nas métricas de ESG e financeiras. Estes pioneiros demonstram que as empresas podem ser os primeiros em sustentabilidade sem sacrificar o crescimento e a rentabilidade. A análise da BCG conclui que o retorno total para os acionistas das empresas globais desafiadoras foi quase 35% superior ao do Índice S&P 500 e 105% superior ao Índice de Mercados Emergentes MSCI entre 2017 a 2022.
A melhoria dos critérios ESG pode desbloquear o crescimento
O relatório destaca a ligação entre um forte desempenho em ESG e uma sólida performance empresarial, mostrando que as empresas na vanguarda da sustentabilidade podem abrir portas a novas oportunidades de crescimento.
“As empresas na vanguarda da sustentabilidade estão a reforçar o seu acesso ao mercado e a garantir uma ‘licença para jogar’ a longo prazo. Um registo de sustentabilidade forte e certificado, pode ajudar as empresas a obter acesso a melhor financiamento, conquistar novos clientes e atrair o melhor talento, particularmente importante em mercados com populações significativamente mais jovens. Vemos a transição verde entre indústrias a gerar novas oportunidades para empresas a liderar o processo de inovação”, conclui Burak Tansan.