O Governo de Macau transmitiu hoje a “resposta ativa” das autoridades da vizinha província chinesa de Guangdong relativamente à central nuclear em construção a menos de 70 quilómetros da cidade e prometeu continuar a acompanhar de perto a situação.
Em comunicado, o executivo refere ter recebido “uma resposta ativa” por parte do congénere de Guangdong sobre a central nuclear de Taishan que, em suma, garante a segurança, isto depois de meios de comunicação social de Hong Kong terem reportado que a unidade, na fase final de construção, apresenta problemas que podem levar à ocorrência de incidentes, avança a agência Lusa.
Segundo a resposta reproduzida pelo Governo de Macau, a construção e os materiais foram avaliados rigorosamente pela Administração Nacional de Segurança Nuclear, “sendo certo que as autoridades nacionais tomaram como referência os trabalhos de avaliação de segurança nuclear da França e da Finlândia”.
“Desde 2008, o organismo tem vindo a investir em mais de 400 peritagens por ano no sentido de melhorar o trabalho de avaliação, realizaram nove projetos de diagnóstico e questionário (…) e realizaram-se cinco reuniões de grande envergadura”, refere a mesma nota, que salienta que, desde a autorização para a construção da central, em 2009, foi destacado um grupo de inspeção para fiscalizações ‘in loco’.
Durante o período de construção, foram realizadas 18 fiscalizações periódicas, 58 temáticas e mais de 700 diárias, e divulgados, em paralelo, por via do Ministério de Proteção Ambiental, relatórios sobre a betonagem e a avaliação de segurança, detalha.
“Atendendo ao aparecimento de problemas de irregularidade e de qualidade durante o período de construção da central nuclear, a Administração Nacional de Segurança Nuclear procedeu, em conformidade com as exigências e procedimentos da lei, a trabalhos de acompanhamento”, acrescenta o comunicado.
Diz ainda que a entidade, através de acordos bilaterais, recorrendo a quadros internacionais, procedeu a intercâmbios e ações de cooperação suficientes com os serviços de fiscalização de segurança nuclear da França e da Finlândia, no reforço do controlo de conceção de projetos, construção e testes de controlo de qualidade.
“De momento, o sistema de garantia de qualidade da energia nuclear tem um funcionamento eficaz e mantém-se sob controlo. A unidade 1 entrou em fase de teste de preparação antes do carregamento e na unidade 2 está a ser instalado o equipamento”, refere.
O Governo de Macau indicou ter convidado especialistas nacionais para se deslocarem ao território para apresentarem e explicarem o assunto e apoiarem o Governo “numa avaliação e revisão de aperfeiçoamento do plano de contingência de acidentes de segurança nuclear” da Região Administrativa Especial.
No início do mês, a maior associação pró-democracia de Macau acusou o Governo de não ter noção do risco de um eventual problema na central nuclear e exigiu que anunciasse planos de contingência.
A Novo Macau advertiu que, em caso de incidente, Macau será “diretamente afetada”, atendendo a que o risco não é apenas o de “exposição”, mas também ao nível do abastecimento de água e de comida, assegurado em grande parte pela província vizinha.
A central de Taishan, um projeto fruto de uma parceria sino-francesa – entre a China Guangdong Nuclear Power (CGN) e a Électricité de France (EDF) -, pretende iniciar operações dos dois reatores no próximo ano, mantendo o calendário apesar das notícias.