As fontes de energia renovável cresceram em ritmo recorde no mundo em 2015, ano em que pela primeira vez os países emergentes superaram os mais ricos em investimentos nessa área, segundo o Renewables 2016 Global Status Report.
Os investimentos em energia eólica, solar e hidroelétrica foram também mais do que o dobro do valor aplicado em novas fábricas de carvão e gás, aponta o relatório realizado anualmente pela REN21 – organização que reúne uma rede de empresários, cientistas e gestores públicos em prol do avanço deste setor. Ao mesmo tempo, os custos de fontes renováveis também foram reduzidos.
No ano passado, cerca de 147 gigawatts (GW) de energia renovável, principalmente eólica e solar, foram acrescentados à capacidade de geração do planeta, o equivalente a toda a capacidade de geração a partir de todas as fontes na África.
China, Estados Unidos, Japão, Grã-Bretanha e Índia foram os países que mais contribuíram para esse crescimento, ainda que os preços de combustíveis fósseis tenham caído significativamente em 2015.
Com a China a responder por mais de um terço do total no mundo, os países em desenvolvimento superaram as nações mais ricas pela primeira vez. Estas nações investiram 156 mil milhões de dólares o ano passado, um aumento de 19% em relação a 2014. Os principais investidores foram países pequenos, como a Mauritânia, Honduras, Uruguai e Jamaica.
“Isso mostra que os custos caíram tanto que as economias emergentes passaram a concentrar-se em renováveis”, afirma Christine Lins, secretária-executiva da REN21. “Esses países são os que têm o maior crescimento de procura de energia, e este ponto de inflexão é um acontecimento notável.”
Na União Europeia, apesar de uma queda significa dos investimentos em renováveis de cerca de 21%, essas são agora a principal fonte de energia, respondendo por 44% da capacidade de geração em 2015.
Os autores do estudo destacam que um sinal do comprometimento de países com a energia renovável é o facto de, no início de 2016, 173 terem metas para o aumento da sua oferta. E não são apenas as nações que estão a evoluir. Nos Estados Unidos, 154 companhias, responsáveis por empregar 11 milhões de pessoas, comprometeram-se a consumir apenas energia renovável.
No entanto, algumas áreas ainda resistem à transição para essas fontes, como o setor dos transportes e do aquecimento e arrefecimento. A queda no preço do petróleo contribuiu para isso.
Mas os pesquisadores apontam que, mesmo perante esses contratempos, não há dúvidas de que o avanço da energia renovável é uma tendência sem volta. “Trabalho neste setor há 20 anos, e, agora, os argumentos económicos estão plenamente a favor disso”, afirma Lins.
“A indústria da energia renovável não depende mais de um punhado de mercados. Tornou-se ela própria um mercado global, e isso é muito animador. E o melhor ainda está por vir.”