“Só com energias renováveis é que vamos conseguir a capacidade de manter preços baixos”. Quem o disse foi Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente e da Ação Climática, que esteve em Guimarães esta quinta-feira, 2 de fevereiro, no debate “Impacto do atual contexto energético nas empresas”, promovido pela SEDES.
Nunca o tema da energia foi tão central como nos dias de hoje e, por isso, o Governo procura ter objetivos muito concretos no sentido de acelerar a transição: “As políticas que vamos tomando são políticas que nos garantam segurança, do ponto de vista energético, resiliência, soberania, independência e mais liberdade”.
Uma das expectativas do Governo para 2023 é, precisamente, ter preços de energia abaixo da inflação, ao contrário do que aconteceu em 2022, onde a energia apresentou níveis superiores. A título de exemplo, Duarte Cordeiro relembra que, no mercado regulado da eletricidade, o aumento ficou bastante aquém da inflação, “um aumento de 1,6% no preço da eletricidade no mercado regulado, quando a inflação que temos estimado no Orçamento de Estado é de 4%”, cita. Assim, se se comparar os preços do mercado de eletricidade, é possível encontrar no mercado liberalizado preços abaixo do preço do mercado regulado: “Hoje, temos empresas que reduziram os seus preços face aos preços de 2022”. Ainda no mercado liberalizado, Duarte Cordeiro destaca a possibilidade de “reduções de preços de cerca de 180 euros ano em casais com filhos” ou de “cerca de 72 euros em casais sem filhos”.
Na sua intervenção, Duarte Cordeiro relembrou ainda o Mecanismo Ibérico, um instrumento que permitiu uma redução de 49 euros MWH no mercado grossista, isto é, 20% face ao preço que seria se o mecanismo não estivesse em funcionamento: “É um benefício de 489 milhões de euros a todos aqueles que estavam expostos ao mercado”. O mês de dezembro destaca-se ainda mais devido à meteorologia, registando-se de um benefício de cerca de 74 euros MGW, uma poupança de 36%: “Tivemos chuva, barragens cheias e energia elétrica produzida por fonte hídrica, traduzindo-se em menos dependência do gás”, refere o governante, dando nota que, em janeiro, 88% da eletricidade portuguesa foi produzida por fontes renováveis: “Tivemos um ano de seca e agora as barragens estão cheias quando mais precisamos, traduzindo-se num benefício claro para produção de energia elétrica em todo o país”.
No desígnio da neutralidade até 2050, Duarte Cordeiro reitera a necessidade de se acelerar a produção de energia de fontes renováveis e Portugal está num posição de destaque no contexto europeu e mundial, quanto ao tema das alterações climáticas e transição energética: “Temos uma quota de incorporação no consumo final de energia bastante acima da média e somos o quarto país da União Europeia, do ponto de vista de incorporação de renováveis de produção de energia elétrica”. No entanto, “não chega: temos mesmo que acelerar se queremos atingir os objetivos e corresponder às expectativas de toda a descarbonização e à indústria que se queira instalar no país”, aponta. Para isso, “temos de apostar na aceleração de energia renováveis, eficiência energética, diversificar fontes de energia, aumentar eletrificação, modernizar infraestruturas e desenvolver as nossas interligações”, argumenta o chefe da pasta do Ambiente.
Aumentar a potência do solar nos próximos anos é um dos objetivos do Governo, tal como indicou Duarte Cordeiro, que deu nota ainda do lançamento daquele que será o maior projeto de energia renovável em Portugal, através de um grande leilão de eólica de offshore: “Serão 10 GW no mar”.
Para Duarte Cordeiro não restam dúvidas quanto às renováveis: “É muito importante à economia e à indústria portuguesas perceberem as oportunidades que Portugal tem em captar e reforçar os seus setores industriais e de se tornar mais competitivo em relação a outros países”.