Os últimos 29 anos por:
- João Meneses, Secretário-geral do BCSD Portugal
- Francisco Ferreira, Presidente da Associação ZERO
- Carlos Iglésias, presidente da APEMETA
- Ângela Morgado, Diretora Executiva da ANP | WWF
Ao longo dos últimos 29 anos, grandes evoluções marcaram definitivamente o setor ambiental. Portugal assiste todos os dias às mais diversas inovações nas diferentes áreas ambientais. Mas será isso suficiente? Hoje e cada vez mais, os sinais são de alerta, com o planeta a enfrentar eventos que jamais se imaginariam: desde chuvas intensas até às secas extremas, estes são apenas alguns dos exemplos. A presença de Portugal na União Europeia tem sido, sem dúvida, um impulso para que o país consiga dar respostas aos desafios, tendo, mais facilmente, acesso aos apoios. 29 anos volvidos, por entre avanços e recuos, há uma opinião que é partilhada pelos nossos convidados: o tempo de agir é agora e o país tem capacidade para dar resposta aos desafios futuros.
João Meneses, Secretário-geral do BCSD Portugal, lembra que a política nacional “abriu-se ao mundo” com adoção do Acordo de Paris, considerando que “os progressos de política ambiental de Portugal nos últimos 29 anos devem-se muito aos progressos que a União Europeia fez desde então”. Mas as políticas públicas e a sociedade “precisam de ser mais interventivas”, até porque, além dos desafios nas várias áreas ambientais, outros vão surgindo, como “sermos capazes de transitar para um modelo regenerativo que assente num paradigma de bioeconomia circular neutra em carbono”.
Corroborando o desafio da economia circular, Francisco Ferreira, Presidente da Associação ZERO, reitera que “os grandes desafios para os próximos 29 anos” assentam na “economia circular e alterações climáticas” e na “mudança de paradigma de consumo”, algo que é “absolutamente crucial para conseguirmos atingir objetivo de poluição zero e a redução da nossa pegada ecológica”.
Já Carlos Iglésias, Presidente da APEMETA, diz que a evolução foi “enorme”, motivada pela adesão de Portugal à União Europeia, esperando que “as metas da neutralidade carbónica sejam atingidas nos próximos anos”.
O testemunho de Ângela Morgado, Diretora Executiva da ANP | WWF, fica marcado pela “perda alarmante da biodiversidade”, frisando que, “em 50 anos, [o planeta] perdeu 70% das espécies” devido ao aumento da temperatura e o aumento da desflorestação, sendo estas as três questões ao nível do ambiente que marcam negativamente os últimos quase 30 anos. As próximas três décadas são perspectivadas com receio e, ao mesmo tempo, com esperança: “Esperemos reverter esta perda e fazer uma transição alimentar. Devemos alimentar-nos de uma forma diferente e mais responsável”.
Este trabalho está incluído na edição 97 da Ambiente Magazine