Um relatório das Nações Unidas concluiu que “é pouco provável” que o glifosato, utilizado em pesticidas, provoque cancro, ao contrário do que referia um estudo de um centro internacional da Organização Mundial de Saúde. O estudo da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) agora divulgado, em resposta às preocupações manifestadas por várias entidades, refere ser “pouco provável que o glifosato provoque um risco cancerígeno nos humanos expostos [à substância] através da alimentação”.
O Centro Internacional de Investigação contra o Cancro (CIRC) da OMS tinha declarado ser provável o risco cancerígeno do produto em caso de exposição, em março de 2015. A OMS, contudo, defende que as duas conclusões não são contraditórias e explica que o estudo do CIRC referia um “risco provável” para a saúde humana, nomeadamente em caso de uma exposição muito forte, enquanto a atual trabalho se centrou nos riscos específicos relacionados com uma exposição pela ingestão de quantidades limitadas de glifosato, através dos alimentos.
Várias organizações, nomeadamente ambientalistas e, em Portugal, partidos como o Bloco de Esquerda, Partido Ecologista os Verdes ou o Partido Pessoas Animais Natureza (PAN), têm pedido a proibição da venda de pesticidas com glifosato, utilizados, por exemplo, pelas autarquias para matar ervas daninhas em espaços públicos.
Uma petição a decorrer em Portugal contra o uso de glifosato tem já mais de 15 mil assinaturas.
Em abril, o Parlamento Europeu tinha defendido a renovação da autorização para comercializar glifosato por somente sete anos, contra os 15 anos inicialmente previstos, devido às preocupações manifestadas.
O assunto vai ser analisado pelo comité especializado em pesticidas, na Comissão Europeia, na quarta-feira.
Os resultados do estudo do CIRC foram utilizados por ativistas, da organização internacional Greenpeace ou da portuguesa Quercus, para pedir a proibição do produto, enquanto os industriais dos pesticidas defendiam a segurança do glifosato.
As conclusões do novo estudo podem beneficiar, por exemplo, a multinacional de origem norte-americana Monsanto que tem lutado para obter autorizações para este produto.
A França e a Áustria são dois dos países que se têm manifestado contra o glifosato, ao contrário da Grã-Bretanha e da Alemanha que defendem a sua utilização.