A escassez de água e a crise energética têm ocupado um espaço de destaque na agenda de várias entidades. Na Infralobo, a empresa tem direcionado o seu trabalho e investimentos para assegurar o bem-estar dos seus clientes. Numa entrevista com Carlos Manso, presidente do Conselho de Administração da Infralobo, ficamos a conhecer quais têm sido as preocupações e prioridades da empresa.
O que tem permitido à Infralobo apresentar bons indicadores na gestão da água na área da sua responsabilidade?
A Infralobo tem vindo a beneficiar de um trabalho que foi realizado no passado e que muitas das vezes não é devidamente valorizado, porque não é visível, que foram as substituições e reabilitações de condutas de água e de coletores de águas residuais domésticas. Estes investimentos aliados a um conhecimento das redes, permitiram criar as bases para uma evolução na gestão estratégica e operacional mais focada na satisfação do Cliente (mais intangível) e menos na gestão de ativos (mais tangível).
O que foi feito especificamente no indicador da água não faturada (ANF)?
Em 2016 realizámos uma análise interna identificando quais as áreas mais relevantes na atividade da empresa e quais os processos que influenciavam os resultados nessas áreas. Para termos resultados no presente, tivemos que decidir no passado, e foi isso que fizemos. Delineámos um plano a 4 anos (de 2016 a 2019), com vista a uma maior eficiência e eficácia da empresa e focados na melhoria da satisfação dos Clientes (considerámos esta meta fundamental), implementando um sistema de telemetria em todos os nossos consumidores e áreas verdes publicas, assim como um sistema inteligente de rega que gere as necessidades de água automaticamente. Graças a estes 2 sistemas temos cerca de 8% de água não faturada e reduzimos cerca de 44% de água na rega dos espaços verdes. E conseguimos alcançar uma satisfação do Cliente de 83%.
Numa altura em que Portugal enfrenta uma crise energética, qual tem sido a vossa preocupação?
O aumento do custo da energia e o seu impacto nos processos na gestão da água, saneamento e RSU tem sido uma das maiores preocupações das entidades gestoras que operam nestes setores, contudo no nosso caso e devido a termos implementado um plano de descarbonização INFRALOBO 2021 (aprovado em 2020) que culminou com a certificação da ISO50001- Gestão da Energia, permitiu que através de investimentos em energias alternativas (todas as nossas infraestruturas relevantes- Sede, E.E., Lagos, Sistemas de Bombagens-), reduzir a nossa pegada carbónica em 42% nos últimos 2 anos e o custo com os consumos energéticos em cerca de 50% no 1º semestre de 2022.
Que outros projetos estão previstos para o curto e médio-prazo?
Temos a expectativa de implementar um tarifário bi-horário para os consumos de água e reforçar a relação com os nossos Clientes através da partilha de uma APP, que utilizando o nosso sistema inteligente de rega, lhes permita uma maior eficiência na utilização da água para rega nos jardins privados.
Esta entrevista foi incluída na edição 96 da Ambiente Magazine