Procura-se: gestor com conhecimentos de energia e mercados financeiros, fluência em “portunhol”, disponibilidade para deslocações regulares a Madrid e capacidade de integração numa equipa de trabalho ibérica. Oferece-se remuneração atrativa. Critério preferencial: inexistência de incompatibilidades políticas.
Seria mais ou menos assim que poderia decorrer o recrutamento do próximo vice-presidente do Omip (o operador português do mercado elétrico) se o processo fosse tão simples como um comum processo de recrutamento para gestores de topo, explica o Expresso. Mas o caso é um pouco mais complexo. E vai exigir nas próximas semanas uma engenhosa articulação entre a REN e o Governo.
O representante português na presidência dos operadores do mercado ibérico de eletricidade (Mibel), José Carvalho Netto, decidiu abandonar o cargo, apesar de ter mandato até final de 2017. Com a saída antecipada de Carvalho Netto (um dos quadros mais experientes da REN), a gestão luso-espanhola do Mibel terá agora de encontrar um novo representante português. Segundo o que o Expresso apurou, na semana passada foi sondado o ex-secretário de Estado da Energia, Artur Trindade, que voltou à ERSE.
O ex-secretário de Estado conhece bem o setor energético e está por dentro do processo de integração ibérica do mercado de eletricidade. Mas Artur Trindade tutelou até há bem pouco tempo a área da energia, o que pode configurar uma incompatibilidade.
Outro nome que está a ser equacionado é o de Maria José Clara, que já representa a REN como vogal do conselho de administração do Omip. Nos orgãos sociais do operador do Mibel também há outros portugueses, nomeadamente Pedro Cabral (igualmente da REN), Paulo Rocha Henriques (da Parcaixa) e Carlos da Mata (da EDP).