Os grandes operadores estão a subsidiar a instalação das redes internas de gás natural, repercutindo os custos sobre as tarifas. O benefício que é dado aos consumidores domésticos e comerciais sob a forma de execução da sua própria instalação, mediante um valor simbólico inferior a 30 euros, tem como contrapartida uma compensação futura garantida através das tarifas do gás natural, revela a Vida Económica.
A criação destas novas instalações representa um volume elevado de investimentos para os próximos três anos. Só a EDP tem previsto investir cerca de 110 milhões de euros até 2019 em novas instalações, sendo uma parte significativa deste valor relativo à rede interior das casas dos clientes.
À semelhança do que aconteceu em outras áreas da energia, as grandes empresas de distribuição, como é o caso da EDP e da Galp, têm garantido um retorno na ordem dos 7% a 8% ao ano sobre os investimentos efetuados, que será pago através das tarifas com o aumento dos custos associados aos gasodutos.
Várias empresas instaladoras estão a denunciar aquilo que consideram ser um investimento em infraestruturas sem racionalidade, ditado pelo retorno garantido que fica a cargo dos consumidores.
As grandes empresas estão a cobrar valores de 29 euros para redes internas de gás nas habitações e de 89 euros para redes em estabelecimentos comerciais, como é o caso de restaurantes, quando existe um custo efetivo de 600 a 900 euros por instalação.
Para Luís Amorim, gerente de uma PME especializada em instalações de gás, a subsidiação não é racional e distorce ainda as regras de concorrência entre instaladores e marginaliza as PME do setor, que se veem impedidas de fazer instalações em condições normais de mercado.