Uma delegação de 15 investigadores de Portugal, Espanha e França visitou o campo experimental na captação subterrânea de Muge e a Estação de Tratamento de Água de Marinhais, no concelho de Salvaterra de Magos. A visita guiada pelo diretor-geral da AR-Águas do Ribatejo EIM, Miguel Carrinho, teve lugar no passado dia 14 de outubro.
A comitiva está envolvida no projeto internacional AQUIFER- Instrumentos inovadores para a gestão integrada de águas subterrâneas num contexto de escassez crescente de recursos hídricos.
Os investigadores visitaram a sede da AR, em Salvaterra de Magos onde foi feita uma demonstração do sistema de telegestão que permite gerir à distância dezenas de infraestruturas, como captações, estações elevatórias e reservatórios. De acordo com a AR, este sistema emite alertas que desencadeiam mecanismos preventivos para evitar falhas no abastecimento ou reduzir os tempos de suspensão, com vantagens para clientes domésticos e empresas.
O uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) para monitorizar os aquíferos e as relações com rios e zonas húmidas é outro objetivo do AQUIFER, segundo a empresa.
A AR é uma das três entidades nacionais envolvidas no AQUIFER. O Instituto Superior de Agronomia e a Parceria Portuguesa para a Água, juntamente com a empresa, alinham com quatro parceiros espanhóis e dois franceses.
Num contexto de crescente escassez de recursos hídricos, o AQUIFER visa capitalizar, testar, disseminar e transferir práticas inovadoras para a preservação, monitorização e gestão integrada de aquíferos. “Estão a ser desenvolvidas ferramentas e estratégias que ajudem na tomada de decisões sobre a gestão dos recursos hídricos subterrâneos, melhorando a transferência de tecnologia e conhecimento para agentes locais e criando novas sinergias”, lê-se num comunicado, divulgado pela AR.
De acordo com o plano de ação definido, os ensaios de campo e trabalhos a realizar em Portugal ocorrem na área de influência da Águas do Ribatejo nomeadamente na envolvente dos rios Tejo e Sorraia.
A boa gestão dos recursos hídricos subterrâneos é um aspeto de grande importância para a AR. Segundo Miguel Carrinho, “a totalidade da água que captamos tem origem em captações subterrâneas, pelo que é para nós fundamental trabalharmos em conjunto com outros parceiros no desenvolvimento de ferramentas e técnicas que permitam melhorar o conhecimento e a gestão deste recurso estratégico e vital”.
Os equipamentos instalados permitem testar práticas e metodologias inovadoras de preservação ambiental e gestão de águas subterrâneas, para os diferentes usos existentes: ambientais, consumo humano, agrícolas e industriais.
João Simão Pires, diretor Executivo da PPA – Parceria Portuguesa para a Água, explica que o “projeto AQUIFER inova com uma visão do problema como um todo e pretende alargar a participação a players dos vários setores de atividade que possam dar contributos para a sua evolução positiva”.
No plano estão previstos “seminários e conferências, a realizar em 2023, para capitalizar as inovações e a divulgação de documentos de síntese e fichas práticas junto dos potenciais atores, sejam instituições, empresas do setor da água ou utilizadores”, refere a mesma nota.
O projeto AQUIFER teve o seu início formal a 1 de novembro de 2020, e será concluído em 30 de abril de 2023, com um investimento global previsto de 1,6 milhões de euros, financiado a 75% pelo FEDER, no âmbito do programa de cooperação europeu INTERREG V-B SUDOE.