É já na próxima segunda-feira, 17 de outubro, que vai decorrer o Plastics Summit – Global Event 2022. O encontro que se vai realizar na FIL – Feira Internacional de Lisboa tem como foco sinalizar Portugal como o centro de debate da temática da sustentabilidade, reunindo todos os stakeholders para obter convergência entre as suas diferentes visões e apresentar soluções que sejam abrangentes para toda a cadeia de valor dos plásticos e de outros setores.
À Ambiente Magazine, Bruno Pereira da Silva, Media Officer do Plastics Summit – Global Event 2022, destaca a necessidade de envolver todos os stakeholders da cadeia de valor dos plásticos e de outros materiais para que, em conjunto, se possa elencar e alavancar a promoção, adoção e implementação de políticas e soluções integradas para responder ao presente e ao futuro do planeta, onde a promoção de uma economia mais circular será vital: “Atendendo ao facto de que a população global deverá atingir 9,8 bilhões em 2050, o que nos diz que seremos mais, viveremos mais e precisaremos de mais bens, o aumento do uso de recursos, incluindo o plástico, será inevitável, pelo que teremos de ter melhores leis, produtos, sistemas de gestão de resíduos e sobretudo melhores comportamentos”. A isto, acresce que o facto de o planeta Terra ter recursos que não são ilimitados, pelo que a “adoção de um modelo económico que promova a circularidade dos recursos e a simbiose industrial será fundamental para garantir que a casa comum onde vivemos não seja só nossa, mas também das gerações futuras”, precisa.
Organizada pela APIP – Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos, em parceria com as suas congéneres de Espanha (ANAIP), Brasil (ABIPLAST/ABIEF) e México (ANIPAC), o encontro vai garantir a possibilidade de todos os visitantes de “conhecerem a perspetiva dos diversos stakeholders”, tendo como foco as grandes temáticas, “desde a eficácia das medidas legislativas relativas à cadeia de valor dos plásticos, onde teremos uma reflexão sobre a sua elaboração, implementação e monitorização; uma discussão sobre a poluição dos oceanos, onde serão debatidas as verdadeiras causas, a eficácia das soluções atuais e quais os desafios para o futuro”. Serão abordados, igualmente, os “instrumentos para combater o greenwashing, onde a importância da “pegada ambiental do produto, o rótulo da eficiência ecológica e o passaporte digital do produto” serão objeto de análise, assim como estará em destaque o “objetivo global da neutralidade carbónica, onde será debatido o roteiro da indústria dos plásticos para a descarbonização, a cidadania climática e saúde planetária”. Do evento, resultará, no final, uma “declaração de compromisso – position statement” – que irá traduzir a “visão” e as “ações globais”, assentes em “evidências científicas”, que contribuirão para a “criação de um futuro mais circular e sustentável, onde os plásticos serão parte integrante da solução”, destaca o responsável.
“…dizer que o plástico é um material tóxico para a saúde humana é um mito”
Sendo o plástico, muitas vezes, alvo de “estigma”, Bruno Pereira da Silva acredita que há falta de perceção de valor que todos os seres humanos têm deste material que “mudou e melhorou” a forma de viver: “O plástico, graças à sua versatilidade e alta eficiência de recursos, tornou-se um material extremamente importante e omnipresente na economia e na nossa vida quotidiana, permitindo ajudar a enfrentar uma série de desafios com que se depara a nossa sociedade”, como a “sua utilização na produção de componentes para automóveis e aeronaves, onde graças ao seu baixo peso permite poupar combustível e reduzir as emissões de CO2” à “aplicação como material de isolamento, contribuindo para poupanças nas faturas de energia”, passando pela “produção de embalagens de plástico, muito importantes para garantir a segurança dos alimentos e reduzir o desperdício destes”. Desta forma, tornou-se num “material extremamente importante para setores como os transportes, a embalagem, a construção civil, a energia renovável, o espaço, o desporto, a saúde e os dispositivos médicos”, afinca. No “valor” que é dado ao plástico, o responsável realça o papel da indústria, que sempre encarou o “estigma” associado ao plástico por parte da sociedade, não como um problema mas sim como uma “oportunidade de melhorar processos” e de “desenvolver novos produtos mais sustentáveis, reutilizáveis e recicláveis”, contribuindo para que, “se no fim de vida os plásticos forem reencaminhados pela sociedade para os locais corretos, estes deixem de ser um resíduo e passem a ser uma matéria-prima para a produção de novos produtos, numa clara abordagem à economia circular e à simbiose industrial”.
No que diz respeito a “mitos” associados ao plástico, Bruno Pereira da Silva considera que a consciencialização ambiental da sociedade tem feito com que “muitas pessoas reduzam o consumo de plástico”, principalmente em matéria dos descartáveis. “Mas, em muitos casos, a substituição do material plástico por outro material não pressupõe uma melhoria ambiental, quando avaliado todo o ciclo de vida do produto, pelo que é necessário promover a informação, sobretudo baseada em dados científicos, de modo a que a sociedade possa optar sempre pela solução que é verdadeiramente mais sustentável”. Tão importante é a educação: “Entendemos que é o maior elevador social que a nossa sociedade te, e só assim poderemos criar as bases para a alteração de comportamentos”. Aos mitos associados, o responsável refere a “toxicidade” ligada ao plástico: “Nenhuma regulamentação de material é tão exigente quanto a que é exigida para os produtos em plástico e as legislações em vigor na União Europeia e nos Estados Unidos prevêem que os produtos em material plástico não possam libertar substâncias indesejáveis em condições de utilização. Por isso, dizer que o plástico é um material tóxico para a saúde humana é um mito”. E nos “muitos mitos associados ao material”, o responsável prefere destacar “o mito de que é preciso acabar com os plásticos descartáveis, pois existem diversas aplicações, principalmente na área médica e farmacêutica, onde por questões de higiene, preservação dos produtos e segurança humana, os produtos em material plástico são fundamentais para melhorar a qualidade de vida das pessoas e em muitos casos por salvar vidas”.
Num mundo que enfrenta desafios globais, Bruno Pereira da Silva apela à importância de se escolher “soluções mais eficientes para garantir um desenvolvimento sustentável”, alavancando “a transição de uma economia linear para uma economia circular”, onde os plásticos, atendendo às suas “propriedades e características únicas”, encontram-se, desde já, a dar um “grande contributo para esta transformação societal”. Na verdade, sucinta o responsável, os materiais plásticos apresentam um” baixo custo”, daí a “falta de perceção de valor por parte do consumidor”, atendendo ao facto de terem “baixos custos associados à sua transformação, o que pressupõe uma baixa intensidade energética e geração de menores emissões de CO2”, quando comparado com a grande maioria de outros materiais: “O grande problema dos materiais plásticos encontra-se associado à fase do seu fim de vida, o qual se encontra diretamente ligado à tomada de decisão dos consumidores em colocar os produtos em plástico nos locais corretos, de modo a que estes possam deixar de ser um resíduos com elevados custos ambientais e passem a ser uma nova matéria-prima para a produção de novos produtos mais sustentáveis, onde passamos a ter créditos ambientais associados ao plástico reciclado, porque evitamos o consumo de novos recursos do nosso planeta”. Em suma, “o modelo económico atual (extrair, transformar, descartar) é insustentável, pelo que será necessário adotar uma alternativa que se encontre focada em redefinir a noção de crescimento, com foco em benefícios para toda a sociedade. Isto envolve dissociar a atividade económica do consumo de recursos finitos e eliminar resíduos do sistema por princípio”, remata.