Especialista no abastecimento de unidades de produção de vapor e água quente através de biomassa de sobrantes florestais, a Ecotoro Energia escolhe marcar presença em feiras como a Expoflorestal para dar a conhecer as oportunidades económicas e ambientais da utilização da biomassa.
Passados nove anos desde a última vez que esteve na Expoflorestal, a empresa já tinha planeado regressar ao certame em 2019, mas a pandemia voltou a adiar o desejado regresso: “São as alterações nos preços dos combustíveis fósseis que já se têm vindo a sentir e a nossa presença é importante para mostrarmos aquilo que sabemos fazer e as vantagens dos nossos serviços para o cliente e para o país”, declara Fernando Monteiro, responsável da Ecotoro Energia.
As soluções da empresa aplicam-se na produção de vapor, água quente e fluído térmico, em indústrias ou outras entidades como indústria têxtil, tinturarias, indústria agro-alimentar, matadouros, indústria de cartão, piscinas municipais e hospitais. Do ponto de vista económico, o responsável destaca a vantagem de ser “mais barato utilizar sobrantes de exploração florestal do que combustíveis fósseis ou pellets”, nomeadamente, o “gás natural e a nafta” e, depois, trata-se de um “combustível nacional e local”, onde todo o “valor acrescentado” fica na sociedade portuguesa. Já ao nível ambiental, os benefícios são maiores: “Em comparação com o gás natural, a utilização de sobrantes de gestão florestal reduz as emissões de C02 em 98%”. Tão importante, é que a Ecotoro Energia não recorre à “madeira boa” para fazer os combustíveis: “Usamos aquilo que sobra da exploração da floresta”, assegura.
Com presença no distrito de Aveiro, Braga, Viana do Castelo e Porto, a empresa procura responder à necessidade das indústrias que recorrem ao vapor e água quente, tendo a vantagens em usar em duplicado os sobrantes de exploração florestal: (Nalguns casos) “O cliente só paga a energia térmica que consome e não tem que suportar o investimento na caldeira, silo e respetiva montagem completa”, afirma o responsável.
Questionado sobre o processo inicial para adquirirem estes sobrantes florestais, Fernando Monteiro explica que, primeiramente, “compramos a madeira em pé da floresta” e, de seguida “cortamos e fazemos a separação da boa e da sobra: a boa vai para a serração ou indústria que produz papel e a sobra trituramos, calibramos e, nalguns casos, secamos, onde disponibilizamos para caldeiras industriais que tenham grande consumos de energia térmica”.
A experiência alargada na área florestal permite a Fernando Monteiro evidenciar que, por um lado, nota-se nos últimos anos uma “grande evolução” por parte das empresas que fazem exploração florestal: “Estão muito mais bem preparadas e conseguem uma maior produtividade”. Por outro lado, o setor depara-se com desafios permanentes, nomeadamente, no desperdício sobrantes florestais produzidos: “O Governo continua a apostar nas centrais termoelétricas para produzir energia elétrica quando o calor que resulta dessas centrais não é aproveitado”. Comparando esta realidade com outros países europeus, o responsável refere que, no Centro da Europa, as centrais térmicas que fazem produção de energia elétrica aproveitam o calor que sobram do processo, correspondendo a 70% do conteúdo energético do combustível utilizado: “Tudo é aproveitado e têm um rendimento superior a 90%”. Mas, em Portugal, isso quase não acontece: “As centrais termelétricas que se tem vindo a instalar só conseguem aproveitar 30% do conteúdo energético desses sobrantes florestais, sendo uma grande ineficiência e desperdício”, lamenta.
A 12.ª edição da Expoflorestal decorreu de 27 a 29 de maio em Albergaria-a-Velha, Aveiro.