Dois terços das empresas classificam o Clima e Sustentabilidade (C&S) como uma prioridade, enquanto mais de metade considera serem inovadoras e empenhadas nesta temática, colocando tanto a inovação como o C&S entre as suas três principais prioridades. Mas, apenas cerca de uma em cada cinco organizações está preparada para agir, ou seja, já incorporou estas prioridades nos seus mecanismos de inovação, adquiriu as competências e está pronta para desenvolver o produto, o processo e as inovações do modelo de negócio necessários. Estes resultados fazem parte do relatório de Empresas Mais Inovadoras, “Are You Ready for Green Growth?“, promovido pela Boston Consulting Group (BCG), onde inquiriu pela primeira vez a importância do Clima e Sustentabilidade (C&S) na inovação.
“Enquanto muitas empresas falam de sustentabilidade e fazem promessas de descarbonização, muito poucas fizeram verdadeiramente o trabalho de integrar as prioridades do C&S nos seus mecanismos de inovação e produzir resultados tangíveis”, declara Justin Manly, líder global do segmento de crescimento e inovação da BCG e coautor do relatório. “Ao mesmo tempo, investidores, reguladores, clientes e acionistas estão todos à procura de grandes empresas e dos seus CEOs para assumirem a liderança na realização de progressos reais contra o aquecimento global”, acrescenta.
O relatório avalia empresas comprometidas com a inovação em C&S de acordo com a estrutura de benchmarking em innovation-to-impact da BCG, para avaliar a prontidão das suas práticas e plataformas de inovação. Assim, “28% destas organizações têm uma pontuação de 80 ou superior, em 100, e estão, por isso “prontas” e equipadas com competências de inovação bem desenvolvidas”. Isto indica que “cerca de três quartos das empresas precisam de aumentar a sua aposta em inovação e 80% de todas as empresas enfrenta uma curva de aprendizagem acentuada”, refere a análise.
As 50 empresas mais inovadoras também lideram em C&S
Muitas das 50 empresas mais inovadoras de 2022 já são líderes de inovação em C&S, com uma significativa parte delas a ser pioneira na definição de princípios ambientais, sociais e de governance e no estabelecimento de compromissos de descarbonização. “Quase 80% (39) qualificam-se como os mais inovadores em C&S, de acordo com a votação global dos pares”, lê-se no relatório.
A análise mostra que, pelo segundo ano consecutivo, a Apple detém a primeira posição no ranking. A Microsoft, que sobe duas posições para o segundo lugar e a Amazon, que desce um lugar para terceiro, completam o pódio. Em linha com o que se observou nos últimos cinco anos, mais de metade das empresas mais inovadoras está sediada na América do Norte. Contudo, a Ásia-Pacífico e a Grande China continuam a crescer enquanto centros de inovação, aumentando a sua representação no top 50, de quatro e três empresas em 2018 para oito e sete empresas em 2022, respetivamente.
Na lista deste ano, a indústria automóvel recupera com a GM (#42) e a Ford (#43) a juntarem-se de novo ao top 50, a Tesla (#5) e a Toyota (#21) a manterem as suas posições, e a Mitsubishi a estabelecer-se na 49a posição. Este setor é também o segundo em número de empresas neste ranking que dão prioridade ao clima e sustentabilidade (C&S) – um reflexo do compromisso da indústria com os veículos elétricos e autónomos. Juntam-se também quatro novas empresas ao top 50: a ByteDance (#45), a Nvidia (#15), a Panasonic (#46) e a Zalando (#25).
Os mais altos emissores de carbono priorizam C&S
O relatório revela que as indústrias responsáveis pelas maiores emissões – bens duradouros (85%), automóveis (78%), utilities (77%), e petróleo e gás (77%) – são as que mais priorizam o C&S. Além disso, as empresas com maiores emissões têm mais 20% de probabilidade do que os baixos emissores de visar o tipo de soluções tecnológicas necessárias para descarbonizar substancialmente.
As empresas preparadas para a C&S enfatizam uma série de aspectos dos seus sistemas de inovação de forma mais agressiva do que outros inovadores. “Começam com maiores ambições, identificam os domínios a focar, gerem o “funil de ideias”, e têm objectivos de desempenho claros. Também se envolvem mais ativamente com parceiros e mesmo concorrentes”, aponta o relatório.
Estas empresas viram um impacto positivo na produtividade das suas atividades de inovação e I&D, com 80% das empresas inquiridas a trabalhar remotamente dois ou mais dias por semana e 49% a relatar que a produtividade destas atividades melhorou entre 10%-50% devido a estas novas formas de trabalho.
“À medida que a sustentabilidade avança na agenda nas salas direções executivas em todo o lado, a importância da inovação aumenta proporcionalmente”, afirma Michael Ringel, líder global da BCG para a análise e investigação da inovação e co- autor do relatório, acrescentando que “o progresso depende da inovação ser incorporada em toda a organização, com as mesmas capacidades humanas e tecnológicas que conduzem ao sucesso em outros tópicos.”