A Zero pediu hoje metas mais exigentes na redução das emissões de gases com efeito de estufa, responsáveis pelas alterações climáticas, pois Portugal já está a três pontos percentuais do objetivo fixado para 2030.
A Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável defende que “Portugal deve ser mais ambicioso nos objetivos para 2030 e planear como atingir a meta de balanço neutro de emissões em 2050”, como uma aposta nas energias renováveis, na eficiência energética, nos transportes públicos, na mobilidade elétrica e numa estratégia de floresta sustentável.
O Programa Nacional para as Alterações Climáticas refere o objetivo de redução de emissões entre 18% e 23%, em 2020, enquanto para 2030 a meta está entre 30% e 40%, na comparação com os valores de 2005.
A análise dos ambientalistas baseia-se em dados da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) sobre as emissões registadas em 2014 que apontam para descidas “para níveis recorde” explicados pela crise económica, os investimentos na produção de eletricidade a partir de fontes renováveis, nos últimos 15 anos, e pelo papel positivo da retenção de carbono associado às florestas.
Portugal já reduziu as suas emissões em 27%, ultrapassando a meta mais ambiciosa para 2020, e “está apenas a três pontos percentuais do objetivo mínimo, sem considerar as alterações de uso do solo”, realça a Zero.
Ainda assim, em 2014, cada português emitiu em média 6,5 toneladas de dióxido de carbono-equivalente (CO2 eq), o que, segundo a imagem referida pela associação, é como dar uma volta à terra sozinho de carro.
Desde 1990, salienta a Zero, quando as emissões começaram a ser contabilizadas de forma sistemática, “2014 foi o ano com menores emissões”, considerando o carbono retirado da atmosfera pelos sumidouros, onde se inclui o uso do solo e a floresta, que absorve aquele elemento. Em 2014, o balanço entre emissões e sumidouro foi de 54,4 milhões de toneladas de CO2 eq. Quando é excluída a componente de sumidouro, aquele foi o terceiro ano com menores emissões desde 1990, num total de 64,5 milhões de toneladas de CO2 eq, e apenas entre em 1990 e 1991 foram registados valores de emissões mais baixas que em 2014.
A Zero considera que “as expectativas económicas positivas e a baixa do preço dos combustíveis em 2015 têm vindo a conduzir a um maior uso do automóvel, a principal causa do aumento das emissões em 2014”, e o setor dos transportes, nomeadamente devido ao transporte rodoviário individual, apresentou um aumento de emissões de 59% entre 1990 e 2014.
Defende a alteração das políticas de energia e clima, realçando os setores de produção de energia elétrica e dos transportes, com reforço das metas de produção energia solar, encerramento da central a carvão de Sines, investimento na reabilitação urbana, com medidas de eficiência energética, e aposta no transporte público, principalmente no transporte ferroviário para passageiros e mercadorias.