Um aumento recorde de temperaturas em 2016 ligado ao aquecimento global e ao fenómeno climático El Niño no Oceano Pacífico torna mais urgente a adoção do acordo sobre o clima assinado por 195 nações em dezembro para diminuir as emissões de gases do efeito estufa e assim frear as mudanças climáticas, disseram cientistas recentemente. As temperaturas globais médias ficaram 1,35ºC acima do normal para fevereiro no mês passado, a maior alta de temperatura de qualquer mês levando em conta uma base de dados do período 1951-1980, de acordo com informações da Agência Espacial dos Estados Unidos (Nasa) divulgadas no fim de semana. O recorde anterior fora estabelecido em janeiro, resultante de um aumento dos gases de efeito estufa na atmosfera e do El Niño, que libera calor a partir do Pacífico.
“Acho que até os climatologistas mais radicais estão a olhar para isso e a dizer: ‘Mas como é possível?’”, disse David Carlson, diretor do Programa Mundial de Pesquisas Sobre o Clima da Organização Meteorológica Mundial, uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU), a respeito da disparada nos termómetros. “É espantoso”, afirmou ele à Reuters. “Certamente é um planeta alterado… isso deixa-nos apreensivos quanto ao impacto no longo prazo”.
Os cientistas dizem que o aquecimento global está a causar chuvas e secas mais intensas e a elevação do nível dos mares.
Jean-Noel Thepaut, chefe do Serviço de Mudança Climática Copérnico, do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Alcance, disse que a tendência de aquecimento no longo prazo “torna a implementação do acordo de Paris urgente”. Ele enfatizou que 15 dos 16 anos mais quentes de que se tem registo aconteceram no século 21.
Em dezembro de 2015, 195 países presentes à cúpula do clima da ONU em Paris firmaram um acordo com o objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa a zero até 2100, abandonando os combustíveis fósseis em favor de energias mais limpas, como a eólica e a solar.