No âmbito do Dia Internacional do Ar Limpo para um céu azul, instituído pelas Nações Unidas e, que se assinala esta segunda-feira, a ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável, partilha uma análise que efetuou dos dados das concentrações de dióxido de azoto (NO2) em três estações de monitorização em zonas de tráfego em Lisboa (Av. da Liberdade, Entrecampos e Santa Cruz de Benfica) e na estação de fundo urbano que regista maiores concentrações deste poluente (Olivais) recolhidos pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo e disponibilizados através do site QualAr.
Foram comparadas as concentrações de 2020 com a média dos dois anos anteriores (2018 e 2019) antes das restrições associadas à pandemia de covid-19, durante o período de estado de alerta e emergência, durante o estado de calamidade, e mais recentemente, durante o estado de alerta.
Segundo a ZERO, o dióxido de azoto é um “excelente indicador da poluição associada à atividade humana” e tem sido usado por diversas entidades e universidades à escala mundial para “avaliar o impacte positivo da quebra da atividade económica e da mobilidade na qualidade do ar por contraponto às consequências dramáticas da pandemia”. Também, o dióxido de azoto medido é a “principal consequência direta dos processos de combustão que têm lugar nos veículos”, com maior responsabilidade dos que utilizam o gasóleo como combustível que apresentam maiores emissões comparativamente com os veículos a gasolina, destaca a associação.
Depois de vários recordes associados a uma “excelente qualidade do ar”, e onde a redução da concentração de dióxido de azoto atingiu 57 e 59% na Av. da Liberdade e em Entrecampos durante o período de maiores restrições por comparação com a média de 2018-2019 para o mesmo período, “em julho e agosto essas reduções foram da ordem dos 25% nas estações de tráfego, com uma redução de 33% na Av. da Liberdade e de 27% em Entrecampos”, refere a ZERO.
ZERO apela por mais medidas pela Câmara Municipal de Lisboa
Sendo desejável a retoma do funcionamento da cidade de Lisboa, e face aos valores atuais que estão mais próximos de assegurar a salvaguarda da saúde pública de quem habita e trabalha no centro de Lisboa, a ZERO apela para a capacidade de se implementar um conjunto de medidas que consigam no futuro garantir o “cumprimento da legislação e melhorem a qualidade de vida numa das áreas mais nobres da cidade”.
A par da construção de ciclovias que tem vindo a ter lugar, para a ZERO é absolutamente crucial que a Câmara Municipal de Lisboa aumente o nível de ambição das Zonas de Emissões Reduzidas e crie a Zona de Emissões Reduzidas (Avenida-Baixa-Chiado) que implica uma forte redução de tráfego e emissões. Em toda a Europa, segundo esta associação, “as pessoas perceberam quão importante é preservarmos a saúde e Lisboa como Capital Verde Europeia não pode desperdiçar esta oportunidade de fazer uma recuperação ambientalmente exemplar”.
Quatro exigências para que “amanhã” todas as nossas cidades sejam mais saudáveis
Neste Dia Internacional do Ar Limpo, a ZERO, em conjunto com a Aliança Europeia de Saúde e Ambiente (HEAL), partilha um conjunto de medidas fundamentais a implementar nas cidades portuguesas.
- Cidades para as pessoas
As cidades devem pertencer às pessoas, não aos carros – as cidades precisam de ser construídas e repensadas para o usufruto de uma melhor qualidade de vida pelos seus habitantes e por quem as frequenta. Reduzir o uso do carro é bom para a saúde, a produtividade, a habitabilidade urbana e a economia.
- Incentivar o andar a pé e de bicicleta
Caminhar e especialmente andar de bicicleta é uma ótima maneira de nos movermos nas cidades, beneficiando a saúde através da atividade física e melhorando a saúde pública através da redução da poluição.
- Transporte público sustentável e acessível
Cidades sem carros precisam de opções de transporte público confiáveis, económicas e verdes. Sistemas de transporte inteligentes e sustentáveis melhoram a qualidade do ar e beneficiam a saúde e o clima.
- Cidades com espaços verdes no seu interior
Os espaços verdes urbanos podem promover a saúde mental e física e reduzir a morbilidade e mortalidade, com relaxamento e redução do stress, promovendo conexões sociais e permitindo a atividade física. As zonas verdes reduzem a poluição do ar, o ruído e o calor excessivo..