A Câmara de Lisboa já recebeu 250 participações, na maioria de munícipes, na consulta pública do projeto da 2ª Circular, cujo prazo termina na sexta-feira. Segundo o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, “tem havido uma adesão grande, com argumentos entre os que são contra e os que são a favor”.
Cerca de 20% referem-se à plantação de árvores no separador central, 14% a constrangimentos no trânsito e 13% à diminuição da velocidade (80 para 60 quilómetros/hora). Outros 10% temem menos faixas de rodagem e 8% defendem pistas cicláveis, que não constam no projeto.
Quem se manifestou completamente contra a plantação de árvores na zona de maior tráfego em Lisboa foi o Partido da Terra. Para o partido ecologista na sua génese, “a Câmara Municipal de Lisboa (CML) deveria plantar naquela via endros em vez de lódãos-bastardos, que, a concretizar-se o projeto atual, representará 70% das árvores a florescer no novo separador central com 3,5 metros de largura”. A explicação do partido é “a toxicidade” daquelas árvores, que repele os pássaros que “podem vir a pôr em risco a segurança dos aviões na aproximação ao aeroporto”, defendeu o eurodeputado José Inácio Faria.
Segundo o Diário de Notícias, foram duas as principais razões apontadas ontem pelo Partido da Terra para considerar que o lódão-bastardo – a árvore que os autores do projeto da 2.ª Circular defendem ser a ideal por se “adaptar bem em meio urbano” e tolerar “alguma poluição” – não deve ser a espécie que deve predominar na remodelada 2.ª Circular: “o facto de ter folha caduca e bolotas que, ao caírem sobre a via, tornariam a estrada mais derrapante e de, pela sua quantidade, poder vir a atrair mais aves para perto do aeroporto da Portela”. Raul Santos, especialista em ambiente do partido, sugeriu, por isso, a opção pelo endro, “um arbusto com cores diversas que é tóxico para qualquer espécie de pássaro”.