A quantidade de resíduos plásticos que são produzidos nas principais cidades da Nigéria, sobretudo na região de Lagos, é uma ameaça para as zonas circundantes das cidades, em particular sobre o solo e sobre a água, contribuindo para desastres de inundação e outros eventos de degradação ambiental que conduzem a sérios riscos para a saúde humana. Com base neste problema será feito, na região de Lagos, um diagnóstico sobre a gestão atual de resíduos sólidos e fornecimento de recomendações para apoiar a implementação de estratégias e compromissos de alta prioridade e de forte impacto no curto, médio e longo prazos.
Financiado pelo Banco Mundial como parte da estratégia adotada para a redução de plásticos nos oceanos e, simultaneamente, potenciar a criação de uma fileira ambiental alicerçada num mercado de reciclagem de plásticos na região, o projeto “Análise e Recomendações do Setor de Resíduos Sólidos e Plásticos na Região de Lagos, na Nigéria” está a ser desenvolvido em consórcio com as empresas Ecogestus (Portugal) e a Greenstad Projects Limited (Nigéria). À CH Business Consulting cabe a função de “líderar o consórcio de empresas contratadas” e a “responsabilidade pela gestão do projeto, que inclui a interação com o Governo de Lagos e com a entidade financiadora que é o Banco Mundial”, começa por explicar Carlos Adegas, diretor internacional da CH Consulting, destacando ainda a responsabilidade pelo “controlo de qualidade de todos os deliverables que serão entregues no âmbito do projeto e que servirão de base a alterações legislativas a levar a cabo pelo Governo de Lagos”.
Tendo em conta que a presença dos microplásticos nos oceanos assume, nos dias de hoje, uma importância e uma prioridade de dimensão global, e sendo a Nigéria uma das principais fontes emissoras de microplásticos para os oceanos, este projeto reveste-se de extrema importância: “O diagnóstico, feito no âmbito do projeto, vai dar origem a recomendações que conduzam a uma adequação legislativa na Nigéria, para promover uma fileira da reciclagem geradora de oportunidades de negócio, com criação de emprego, que contribuam para a economia regional e nacional e que contribua para a resolução de um problema ambiental de amplitude global”. Tal como explica o responsável, este projeto materializa-se através das “recomendações” que irão contemplar desde “alterações legislativas” até à “definição de linhas de crédito para a criação de empresas ligadas à fileira da reciclagem” para que, dessa forma, sejam criadas condições que potenciem toda a cadeia de valor associada à reciclagem de plásticos: “Quanto mais dinâmica e expressiva for esta fileira, maior será o seu contributo para a economia regional e nacional, e consequentemente maior será o seu contributo para a redução da quantidade de microplásticos nos oceanos. Os plásticos que forem encaminhados para reciclagem já não irão para os oceanos”, precisa. Constituída por “apanhadores, os agregadores, os recicladores e os transformadores ou produtores”, esta fileira da reciclagem de plásticos vai assegurar a “transformação de uma garrafa de plástico vazia, num novo produto novamente disponível no mercado”, exemplifica.
Com a duração de seis meses e com um investimento total a rondar os 170 mil euros, o projeto além de contribuir para a “resolução de um problema ambiental com impacto global”, vai também “dinamizar um setor económico, que pode ser expressivo em termos de crescimento do PIB e do emprego na Nigéria”, destaca Carlos Adegas.
Apesar de se tratar de um problema que na Nigéria tem uma dimensão e uma gravidade muito significativas, o diretor internacional da CH Business Consulting refere que, o número de países onde o problema existe ainda é muito significativo, pelo que, o projeto poderá ser replicado em “países em vias de desenvolvimento, nos continentes, africano, asiático e sul-americano”.