A conferência One Ocean Summit encerrou com importantes compromissos políticos nacionais e regionais, que abrem caminho para uma ação efetiva pela proteção dos oceanos na Conferência dos Oceanos em Lisboa.
“Em Brest (França), assumiu-se o sentimento geral de que é hora de passar do compromisso à ação, e a Conferência dos Oceanos que decorrerá em Lisboa em junho vai ser a oportunidade para os líderes mundiais fazerem exatamente isso e construírem agora o oceano do futuro”, afirma Ângela Morgado, diretora executiva da ANP|WWF, citada num comunicado.
A cimeira abriu o ano de 2022 para os oceanos: “Um ano importante que verá a oportunidade de fechar um tratado global de plástico na Assembleia de Ambiente da ONU (UNEA), bem como a meta de proteção de 30%, agora apoiada por 83 países e pela União Europeia, e a necessidade de manter elevada a ambição de um Tratado BBNJ (Biodiversity in Areas Beyond National Jurisdiction) para o alto mar”, lê-se numa nota partilhada para Organização não governamental de ambiente.
Para a ANP|WWF, foi interessante assistir ao compromisso de Macron, Presidente da França, que colocou os oceanos saudáveis no topo da agenda política global, em linha com o que a WWF tem vindo a propor. As presenças de alto nível nesta reunião, no entender da associação, comprovam o “compromisso político para os oceanos”. Apesar de o financiamento global ainda estar aquém do necessário, a ONGA felicita ainda “forte compromisso com a proteção de ecossistemas ricos em carbono azul”, importantes para enfrentar a crise climática.
De acordo a ANP|WWF, ficou fora da agenda a “importante discussão sobre uma moratória para a mineração em mar profundo”, apesar do apelo das Fiji para que outros Estados costeiros (incluindo os países da União Europeia) acompanhassem a sua declaração de moratória em águas nacionais feita em 2019 (e até 2030): “Este vazio coloca em risco a saúde e o futuro dos oceanos, e para a ANP|WWF, Portugal seria um campeão internacional se acompanhasse esta declaração nas suas águas e apoiasse também uma moratória internacional”, lê-se no comunicado.
Para a ANP|WWF, a expectativa para a conferência de junho é de ação com base na cooperação necessária para reverter a perda de biodiversidade nos oceanos e que, assim, Portugal tome a dianteira no envolvimento de vários setores da sociedade na conservação e gestão de recursos marinhos, seja reforçando as AMPs existentes, ou ao nível da cogestão das pescarias, reforçando a capacidade do Estado para operacionalizar este novo modelo de governança dos recursos marinhos.