Em 2020, Portugal continental registou uma taxa de reciclagem de resíduos urbanos de 16,1%, valor para o qual contribuíram 8,9% com origem na recolha multimaterial (plástico, papel, vidro e metais) e 7,2% com origem na reciclagem de resíduos orgânicos (compostagem/digestão anaeróbia). Esta taxa de reciclagem diminuiu mesmo em relação a 2019, ano em que a reciclagem atingiu os 21%, e fica muito afastada da meta comunitária prevista para 2025 que é de 55%. Os dados são do Barómetro da Reciclagem, citados num comunicado, divulgado pela associação ZERO.
No Dia Internacional da Reciclagem, assinalado esta terça-feira, 17 de maio, a ZERO constata que estes números contrariam o discurso oficial de que em ano de pandemia teria havido uma adesão generalizada às práticas de encaminhamento de recicláveis. “Poder-se-ia alegar que a curta paragem no tratamento mecânico e biológico poderia estar na origem da redução, mas a compostagem e digestão anaeróbia apenas registaram um decréscimo de 1,2%, contra 4,2% na reciclagem multimaterial, o que no caso concreto representa um verdadeiro tombo”, refere a associação,
Também, em matéria de Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos, os resultados não são melhores: “As entidades gestoras responsáveis pela recolha e reciclagem dos Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos (REEE), em 2020, apenas recolheram 15% desses resíduos, quando as suas licenças emitidas pelo Estado as obrigavam a recolher 65%”.
Já sobre os resíduos de embalagens de pesticidas, a ZERO refere que as “falhas verificadas” causam perigo para a saúde e para o ambiente. Em 2020, “foram recolhidos apenas 48,4% dos resíduos de embalagens de pesticidas, quando a meta da entidade gestora era de 55%, ou seja, mais de 50% destas embalagens que contêm substâncias perigosas, cerca de 483 toneladas, não foram recolhidas e devidamente tratadas, resultando num perigo eminente para a saúde e o ambiente”, lê-se no comunicado.
Para a ZERO, este sistema necessita da introdução do sistema de depósito/retorno, de forma a que os consumidores destes produtos tóxicos tenham um incentivo económico para devolverem as embalagens.
Relativamente a pilhas e acumuladores portáteis, os dados disponíveis reportam-se a 2019, ano em que das 2.586 toneladas colocadas no mercado apenas foram recolhidas 753, correspondendo a uma taxa de recolha de apenas 29%, apesar deste sistema já existir há vários anos e quando a meta para esse ano era de 45%. Neste contexto, a aplicação de um sistema de depósito/retorno afigura-se como a forma mais expedita para se aumentarem as quantidades recolhidas, defende a ZERO.
As baixas taxas de recolha de embalagens, REEE, embalagens de pesticidas e de pilhas não deixam margem para dúvidas: “É fundamental a aplicação de sistemas de depósito e retorno a estes fluxos de resíduos, tal como foi aprovado pela Assembleia da República para as embalagens em plástico, metal e vidro para as bebidas”