A Oceana colocou um bacalhau virtual por cima do edifício do Ministério do Mar, de vários ministérios responsáveis pela gestão das pescas em outros países membros da União Europeia e do edifício Europa em Bruxelas, onde o Conselho da UE se reúne. Esta ação, segundo a organização de defesa dos oceanos, tem como objetivo “denunciar a exploração excessiva das populações de peixe europeias” e pede aos ministros das pescas da UE, que se irão encontrar a 12 e 13 de dezembro, que definam oportunidades de pesca para 2022 de acordo com a ciência e que acabem com a sobrepesca.
“Espécies emblemáticas como o bacalhau no Atlântico e a pescada no Mediterrâneo estão a desaparecer a olhos vistos. Há que agir de forma urgente para reverter anos de sobrepesca e recuperar estas populações”, disse Vera Coelho, diretora sénior de campanhas e comunicação da Oceana na Europa, acrescentando que “o intuito desta ação é o de apelar aos ministros das pescas da UE para que estabeleçam totais admissíveis de capturas para 2022 que coloquem um fim à sobrepesca e sejam coerentes com o Pacto Verde para a Europa e a Estratégia Europeia para a Biodiversidade.Continuar a pescar para além dos limites recomendados pelos pareceres científicos servirá apenas alguns interesses económicos a curto prazo, mas acabará por prejudicar todos os que dependem do ambiente marinho – que somos todos nós.”
Portugal e os restantes países da UE falharam o prazo legal de 2020 para acabar com a sobrepesca, definido na Política Comum das Pescas (PCP) e nos compromissos da ONU. De acordo com o relatório da Comissão Europeia sobre o desempenho da PCP de abril deste ano, após uma década de progresso, a sobrepesca está agora novamente a crescer no Atlântico Nordeste, onde passou de 38% para 43%. A situação mantém-se lastimável nos mares Mediterrâneo e Negro, onde 83% dos recursos pesqueiros estão sujeitos a pesca excessiva.
O bacalhau, a espécie emblemática selecionada para esta ação de realidade aumentada, é um ícone da sobrepesca. Segundo a Oceana, todos os stocks de bacalhau na UE estão sujeitos a “pesca excessiva” e alguns estão em tal “estado crítico” que os cientistas recomendam que não sejam comercialmente pescados de todo. Outros exemplos de pesca excessiva na Europa incluem a “pescada do Mediterrâneo, alguns stocks de lagostins em águas ibéricas, arenque da Irlanda Ocidental ou badejo do Mar Céltico”, alerta.
A 12 e 13 de dezembro, os ministros das pescas da UE irão definir oportunidades de pesca para o próximo ano, incluindo totais admissíveis de capturas no Atlântico e restrições de esforço de pesca no Mediterrâneo. Para a organização de defesa dos oceanos, estas decisões são a forma mais eficaz para assegurar a exploração sustentável das populações de peixe e para contribuir para restaurar o equilíbrio do ecossistema marinho. No entanto, para o atingir, a Oceana relembra a necessidade alinhar as oportunidades de pesca adotadas com os pareceres científicos, caso contrário, a sobrepesca irá continuar durante, pelo menos, outro ano em águas europeias.